segunda-feira, 6 de novembro de 2017

POESIA TROVADORESCA - Aspetos a reter




Os sublinhados referem-se aos aspetos mais importantes a reter sobre esta temática.



Um grupo numeroso de cantigas inspira-se na vida popular rural. Tem como personagem principal a rapariga que vai à fonte, onde se encontra com o namorado; que vai lavar ao rio a roupa ou os cabelos, que na romaria espera o amigo, ou oferece promessas aos santos pelo seu regresso. Este género de cantar apresenta-nos geralmente uma situação cujos elementos paisagísticos, muito simples e padronizados, se carregam do simbolismo de velhos ritos pagãos, e coloca-nos perante uma ou mais personagens sob a forma de diálogo, quer de monólogo, quer até (caso raro mas muito significativo) de breve narrativa, como se fosse um fragmento de um “rimence”: a rapariga que vai ao rio lavar camisas, o corpo “velido” que baila na romaria. (…) Esta matéria corresponde às cantigas de estrutura mais simples, construídas dentro do chamado “paralelismo perfeito”.


A.J. Saraiva e O. Lopes, História da Literatura Portuguesa




No entanto, a cantiga de amigo não se encontra necessariamente ligada à vida do campo, pois enquadra-se frequentemente no meio burguês, refletindo o ambiente doméstico e familiar, marcado pela presença feminina, visto que a menina, na ausência do chefe de família, vive sob a tutela da mãe, embora por vezes se rebele contra as suas imposições. Assim, a cantiga não exprime só o drama sentimental da moça (o que, em linguagem trovadoresca, se chamava “cuidado”), provocado pela ausência do amigo como também testemunha as condições familiares da época, em que a mãe possui autoridade e exerce vigilância sobre a filha.


Maria Ema Tarracha Ferreira, Poesia e Prosa Medieval

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