quarta-feira, 6 de julho de 2016

SERMOS PORTUGUESES PARA ALÉM DESTE AMADO CANTO!




Há, nos confins da Ibéria, um povo que não se governa nem se deixa governar.



Palavras de Júlio César aquando da sua chegada à Península Ibérica e por ocasião das guerras púnicas que trouxeram os romanos até nós.

Tê-lo-á dito por desespero mas por razões melhores do que aquelas que me trazem a este Sentir (assim!) Português.

Quem me conhece sabe que o meu clube é a Seleção.
O meu garoto tinha 4 anos quando aprendeu o Hino Nacional com o Euro em 2004. Não me choca que tenha sido este o meio, choca- me, sim, que esse tenha sido o possível em âmbito alargado.

E estamos de novo no Euro. Nas meias-finais. O que parece agradar particularmente aos emigrantes; quantos aos residentes, não sei o que pensar.

São inúmeras as críticas a tudo e todos, em que tudo e todos levam por tabela: selecionador, jogadores, falta de golos, empates... até parece que mais valia nem termos sido apurados.
E todos esquecem que equipas favoritas, afinal, entraram de férias mais cedo, que a Alemanha e a Itália, duas das favoritas ao título, disputaram os quartos a penaltis, imagine-se - alguém viu? - e nós, nas meias, somos os patinhos feios da história.

Oh! Tristeza de gente, não digo de povo, mas de gente, de alguns que deviam ser nenhuns - desculpem-me, mas em matéria de Pátria, Nacionalismo e afins, não considero qualquer direito à diversidade de opinião. O caminho é único.

O meu respeito por todos os emigrantes que acordam os dias no centro de estágios em França, que por lá permanecem, que esperam a saída da seleção e a sua entrada depois dos jogos, que acreditam, que gritam, que apoiam, sem vergonha de se manifestarem, de darem a cara mesmo que Portugal não passe e que veem nesta ascensão de etapas, uma forma de provarem ao povo francês  que também conseguem estar ao seu nível e, como dizia hoje numa reportagem um emigrante, foi o povo português que ajudou a construir parte dos estádios, o mesmo que colabora para que aquele país seja o que hoje é - e nós, lembramo-nos deles e de outros por esse Mundo fora, como?

E sim, estou zangada. Custa-me que também os estrangeiros entrevistados nos apoiem e que uma parte de nós desacredite das nossas capacidades... porque não se trata aqui, diga-se, de uma questão de capacidades, mas de brio, de falta de saudade, a mesma que os emigrantes sentem do seu País, assim levado até eles através de umas dezenas de desportistas. Dizem, é um orgulho termos aqui perto um pedacinho do nosso Portugal... o mesmo a que nos habituamos porque nele vivemos e de que sentiremos falta se tivermos de o abandonar. 

Um dia, o meu garoto, então com 10 ou 11 anos, perguntou-me se eu sentia orgulho em ser portuguesa (início da crise, alma um pouco abalada, enfim...) Disse-lhe que quem não tinha Pátria não tinha nada; mesmo quando se tem apenas as pedras para pisar, temos um teto; e que mesmo que esse País nos desgoste, é como um filho que nunca deixa de o ser por maiores que sejam os seus defeitos.

Como podem, então, estes filhos de lado nenhum, esquecerem o modo como certos jornalistas franceses nos classificaram? Neste momento, esse é o ponto de honra para os nossos emigrantes e que os obriga a clamarem por justiça. O tal brio, afinal.

Melhor do que tudo isto, só mesmo a iniciativa do nosso portuguesinho de 7 anos gigantes a apelar ao apoio à seleção, recorrendo ao exemplo islandês que considero das melhores experiências já vistas. Muito teremos a aprender, certamente...