segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MALDIZER



 

 
 
POESIA SATÍRICA TROVADORESCA
- Cantigas de escárnio e de maldizer –
“(…) A poesia satírica distribuiu-se pelas cantigas de escárnio e de maldizer. Tal como sucedeu nos cancioneiros provençais (…) também os poetas peninsulares conseguiram recorrer à sátira para moralizar costumes, para criticar pessoas e situações e para provocar o riso. A veia satírica preocupa-se com a falta de valores elementares, com a corrupção de costumes , com os interesses materiais de certos religiosos, com a licenciosidade das soldadeiras, com os jogos de amor e com o fingimento do amor cortês.
    Tal como sucedeu na lírica, também os provençais trouxeram a sua contribuição à nossa sátira, nomeadamente naquelas espécies conhecidas por sirventês. Estas composições eram sátiras à decadência do ideal de cavalaria, às lutas entre os senhores feudais e à vida íntima de alguns indivíduos.”
- Cantigas de escárnio –
    São as que satirizam, utilizando palavras encobertas pois têm dois sentidos que não permitem o entendimento claro a quem se referem. São impessoais, de crítica indireta. O efeito estilístico que predomina é, naturalmente, a ironia.
- Cantigas de maldizer –
    Nelas, os trovadores satirizam a descoberto, utilizando palavras que querem dizer claramente aquilo que significam. Nestas cantigas, a pessoa satirizada é nomeada. As palavras ferem diretamente, sem rodeios; o sujeito diz o que tem a dizer, com uma linguagem crua e baixa.
- O quê ou quem se critica? –
    - a cobardia de certos cavaleiros;
    - a corrupção do clero;
    - crítica contra as mulheres;
    - os amores duvidosos entre fidalgos e plebeias;
    - a decadência da nobreza;
    - reflexões sobre a moral e os bons costumes.