POESIA
SATÍRICA TROVADORESCA
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Cantigas de escárnio e de maldizer –
“(…)
A poesia satírica distribuiu-se pelas cantigas de escárnio e de maldizer. Tal
como sucedeu nos cancioneiros provençais (…) também os poetas peninsulares
conseguiram recorrer à sátira para moralizar costumes, para criticar pessoas e
situações e para provocar o riso. A veia satírica preocupa-se com a falta de
valores elementares, com a corrupção de costumes , com os interesses materiais
de certos religiosos, com a licenciosidade das soldadeiras, com os jogos de
amor e com o fingimento do amor cortês.
Tal como sucedeu na lírica, também os
provençais trouxeram a sua contribuição à nossa sátira, nomeadamente naquelas
espécies conhecidas por sirventês.
Estas composições eram sátiras à decadência do ideal de cavalaria, às lutas
entre os senhores feudais e à vida íntima de alguns indivíduos.”
- Cantigas de escárnio –
São as que satirizam, utilizando palavras
encobertas pois têm dois sentidos que não permitem o entendimento claro a quem
se referem. São impessoais, de crítica indireta. O efeito estilístico que
predomina é, naturalmente, a ironia.
- Cantigas de maldizer –
Nelas, os trovadores satirizam a
descoberto, utilizando palavras que querem dizer claramente aquilo que
significam. Nestas cantigas, a pessoa satirizada é nomeada. As palavras ferem
diretamente, sem rodeios; o sujeito diz o que tem a dizer, com uma linguagem
crua e baixa.
- O quê ou quem se
critica? –
- a cobardia de certos cavaleiros;
- a corrupção do clero;
- crítica contra as mulheres;
- os amores duvidosos entre fidalgos e
plebeias;
- a decadência da nobreza;
- reflexões sobre a moral e os bons
costumes.