Mudam-se os tempos, mudam-se as
vontades,
Muda-se o ser, muda-se a
confiança;
Todo o mundo é composto de
mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na
lembrança,
E do bem, se algum houve, as
saudades.
O tempo cobre o chão de verde
manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce
canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís de Camões
TEMA: reflexão sobre a questão da mudança, um tema frequente na Renascença [tempus fugit]. A justificá-lo, o recurso a palavras da família de mudar.
O texto constrói-se com base nesta ideia, reforçada por outras que apontam na mesma direção, "novas" e "novidades".
Aliada a esta mesma ideia uma outra, a da passagem do Tempo, igualmente muito importante em Camões, à qual ninguém escapa e de que são todos vítimas; mesmo as estações do ano estão sujeitas à passagem deste Tempo.
Na 1ª quadra, o sujeito poético refere que as pessoas mudam e que, por isso, os interesses e os sentimentos também evoluem. A forma de ser, a personalidade alteram-se assim como a confiança em si próprio e nos outros.
A iniciar a segunda quadra, o advérbio Continuamente reforçando esta ideia de que a mudança ininterrupta do mundo não se controla e que as mudanças são, normalmente, para pior. As mudanças, a acontecerem são sempre diferentes do que se esperava; das más, ficam as mágoas na memória e das boas, as saudades.
Tercetos...
Nos tercetos salienta-se a seguinte oposição: na Natureza, tudo se renova mas no Homem as mudanças são irreversíveis, sem retorno.
Após a descrição de uma série de mudanças ocorridas numa realidade ao nível dos sentimentos, partimos para a alteração que se verifica ao nível físico, a que ocorre na Natureza, e que sendo inicialmente para melhor, é depois classificada como tendo sido para pior.
No 2º terceto, 1º verso, retoma-se a ideia desta mudança contínua e incontornável já expressa pelo advérbio da 2ª quadra, Continuamente. O sujeito revela o seu espanto pelo facto de já não se reconhecer no que vai mudando pois a própria mudança está a mudar...
Tercetos...
Nos tercetos salienta-se a seguinte oposição: na Natureza, tudo se renova mas no Homem as mudanças são irreversíveis, sem retorno.
Após a descrição de uma série de mudanças ocorridas numa realidade ao nível dos sentimentos, partimos para a alteração que se verifica ao nível físico, a que ocorre na Natureza, e que sendo inicialmente para melhor, é depois classificada como tendo sido para pior.
No 2º terceto, 1º verso, retoma-se a ideia desta mudança contínua e incontornável já expressa pelo advérbio da 2ª quadra, Continuamente. O sujeito revela o seu espanto pelo facto de já não se reconhecer no que vai mudando pois a própria mudança está a mudar...