segunda-feira, 18 de junho de 2012

POIS NÃO!



Duas situações num noticiário de hoje:

- não se diga "... os elogios de Cristiano Ronaldo na imprensa internacional..." mas "... os elogios a Cristiano Ronaldo na imprensa internacional..."

No primeiro caso afirma-se que quem terá elogiado foi o próprio CR e não que lhe terão sido feitos elogios...

- a propósito do AO...

e da palavra "convicção": na verdade, nesta situação, o primeiro 'c' não cai uma vez que é realizado foneticamente

... e isto porque encontrei no mesmo noticiário, e em nota de rodapé, o vocábulo "convição"...

sábado, 14 de abril de 2012

domingo, 8 de abril de 2012

FHL - PERSONAGENS (Matilde, Gomes Freire, ...]



MATILDE

Matilde coloca a nu os vícios do clero.
É uma defensora das causas perdidas: justiça, lealdade, valentia (saia verde).
É uma mulher corajosa, defensora da sinceridade, denuncia a falsidade e a hipocrisia do Estado e da Igreja.
Mulher apaixonada que vai tomando consciência do fim do seu companheiro e cheia de esperança (saia verde)
Surge em cena no Ato II e será com ela que o dramatismo na peça irá tomando forma e volume, num crescendo que tocará a alucinação e mesmo o delírio à medida que se aproxima o fim do “seu homem”.
Personifica a dor das mães, irmãs, esposas dos presos políticos.

SOUSA FALCÃO

Amigo de Gomes Freire e Matilde.
Partilha das mesmas ideias de Gomes Freire mas não teve a sua coragem. Autoincrimina-se por isso, medroso.

GOMES FREIRE DE ANDRADE

Representa Humberto Delgado e é uma personagem virtual / central.
Encontra-se sempre presente nas palavras das outras personagens.
É caracterizado pelo Antigo Soldado, por Manuel, D. Miguel e Beresford.
É idolatrado pelo povo, acredita na justiça e na luta pela liberdade (sabemo-lo pela voz de Matilde).
Foi um soldado brilhante, “estrangeirado”, é um símbolo da esperança e da liberdade.

E ainda…
Polícias – representam a PIDE.
Frei Diogo de Melo – representa a Igreja consciente da situação do país.





quarta-feira, 4 de abril de 2012

PRODUÇÃO ESCRITA SOBRE TEMÁTICAS DE FHL



I

“E que interessa o que diz o povo?”
“Autoridade sempre presente e sempre pronta a intervir.”

            Escreve um pequeno texto – cerca de 60 palavras – em que demonstres a importância destas frases para o desenrolar da ação e para a caraterização das personagens.

II

            Considera a hipótese de teres assistido a uma representação da peça Felizmente Há Luar! , de Luís de Sttau Monteiro, com uma encenação fiel às indicações cénicas do autor. Escreve um texto, de 100 a 150 palavras, que pudesse ser publicado no jornal da escola, dando a tua opinião sobre a importância do tom de voz e dos gestos de algumas personagens, exemplificando com duas situações significativas da peça.

sábado, 31 de março de 2012

FHL - PERSONAGENS ... Manuel, D. Miguel Forjaz, Principal Sousa e Beresford


PERSONAGENS: Manuel
            Manuel é um elemento do Povo que, consciente da situação em que vive, se sente impotente para sair dela. Simboliza a desilusão e a frustração do Povo português.

PERSONAGENS: D. Miguel Forjaz
            Revela um carácter calculista, prepotente, tirano que se opõe ao progresso por razões pessoais. É primo de Gomes Freire e Governador do Reino; falso e hipócrita, condena o General sem possuir provas.

PERSONAGENS: Principal Sousa
            Atormenta-o o número crescente de pessoas que aprendem a ler pois acredita que a ignorância do Povo facilita a sua moldagem. As ideias de França preocupam-no, revolucionárias, pois colocam em causa o poder eclesiástico.

PERSONAGENS: Beresford
            Representa o domínio do exército inglês em Portugal e preocupa-se em denunciar e castigar os traidores. É autoritário e detém grande poder; é irónico quando se refere a Portugal, país que despreza: ver fala que se inicia em “Como a vida num país pequeno acaba por atrofiar… que farei tudo o que for necessário para os continuar a receber!”
            No seu diálogo com o Principal Sousa, Beresford sente-se superior relativamente a Portugal e àquilo que é português (por exemplo, quando se refere às paisagens inglesas no excerto indicado em cima).
            Ao longo de toda a ação, demonstra desprezo pelos seus companheiros governantes.

FHL - PERSONAGENS ... Vicente (Corvo e Morais Sarmento)


“FELIZMENTE HÁ LUAR!”

PERSONAGENS: Vicente (e os informadores Corvo e Morais Sarmento)

            Vicente representa os denunciantes que não hesitam em recorrer à traição para ascender socialmente.
            As razões que apresenta para as suas opções revelam-no o popular mais consciente da situação miserável em que vive o Povo.
            ** O Povo é uma personagem coletiva, abstrata e constitui o pano de fundo da ação dramática. O Povo é vítima do regime opressor e absolutista, é a classe explorada que vive na ignorância, na miséria e na desilusão. Vicente caracteriza-o muito bem quando, no Ato I, afirma na fala que se inicia em “Tu, José … Tens sete filhos com fome … Disso podes estar certo…”; do mesmo modo, Manuel fá-lo na sua intervenção junto de Matilde (Ato II).

sexta-feira, 30 de março de 2012

ACORDO ORTOGRÁFICO - Acentuação Gráfica


Acentuação gráfica

1. Supressão de acento:

O acento circunflexo (^) em alguns verbos, no presente do indicativo ou do conjuntivo:

como se escrevia - o que mudou

mas...

crêem        creem
dêem        deem
descrêem        descreem
lêem        leem
vêem        veem
 
Os verbos ter e vir e seus derivados, mantêm o acento circunflexo na terceira pessoa do plural:

têm
vêm
contêm
obtêm

 

FELIZMENTE HÁ LUAR - APONTAMENTOS

SOBRE O TÍTULO…

            A existência de uma exclamação e de um advérbio, Felizmente! aponta para o triunfo dos bons, para a veracidades dos factos, baseados na história (Raul Brandão baseou-se em factos históricos “Vida e Morte de Gomes Freire”).
            O título surge no final, na boca de Matilde vindo assim, criar no texto lido uma circularidade simbólica. O mundo, a vida são constituídos pelo Bom e pelo Mau e este só é vencido pela coragem e pela esperança dos grandes caracteres     ð  revela uma atitude de não conformismo / inconformismo.

TEXTOS  NO TEXTO…
            É possível detetar a existência de dois textos paralelos:
            1 – constituído pelas falas das personagens;
            2 – constituído pelas didascálias.
            No caso de Felizmente Há Luar!  encontramos didascálias que fornecem informações ao leitor relativamente à movimentação dos atores em cena ou ao tom de voz por eles utilizado, de forma a que este conheça melhor as personagens. Estas informações obrigam igualmente o encenador e o diretor de atores a respeitarem o texto.
            Para além destas didascálias surgem outras na obra em causa, mais subjetivas, e que são essencialmente descritivas e explicativas. Através delas, ficamos a conhecer a perspetiva do autor e levam-nos a refletir sobre o que está a decorrer no palco.
  

quinta-feira, 29 de março de 2012

ACORDO ORTOGRÁFICO 2 - sobre o desaparecimento das consoantes não pronunciadas

como se escrevia - o que mudou

mas...

ct
 
acto        ato
actor        ator
activo        ativo
adjectivo        adjetivo
colectivo        coletivo
exacto        exato
lectivo        letivo
 

  a letra C escreve-se quando é pronunciada

bactéria
facto
contacto
estupefacto
intelectual
 
 

adopção        adoção
concepção        conceção
decepção        deceção
intercepção        interceção
recepção        receção


a letra P escreve-se quando é pronunciada
 
erupção
interrupção
opção
 
pc

decepcionante        dececionante
excepcional        excecional
recepcionista        rececionista
 
 
a letra P escreve-se quando é pronunciada

egípcio
núpcias
opcional

pt

adoptar        adotar
baptizar        batizar
Egipto        Egito
optimismo        otimismo
óptimo        ótimo
  
a letra P escreve-se quando é pronunciada

abrupto
adepto
corrupto
réptil

ACORDO ORTOGRÁFICO 1 - sobre o desaparecimento das consoantes não pronunciadas



As consoantes c e p não se escrevem nas palavras em que não são pronunciadas.


como se escrevia - o que mudou

mas...

cc

accionar        acionar       
confeccionar        confecionar       
coleccionador        colecionador       
fraccionar        fracionar      
 
a letra C escreve-se quando é pronunciada

friccionar
ficcional



acção        ação
colecção        coleção
contracção        contração
direcção        direção





a letra C escreve-se quando é pronunciada

convicção
dicção
ficção


sábado, 24 de março de 2012

FELIZMENTE HÁ LUAR - Introdução ao Estudo II


FELIZMENTE HÁ LUAR!
                No entanto, o que é importante nesta peça não é a reconstituição histórica dos acontecimentos ocorridos em 1817. Estes constituem uma metáfora do que acontece em Portugal no momento da escrita porque entre os dois tempos há uma relação de analogia:
v  O regime autoritário
v  A ignorância e a miséria do povo
v  A delação
v  A hipocrisia do clero
v  As prisões arbitrárias
v  Os julgamentos sumários
v  As execuções imediatas
v  O assassínio de políticos incómodos
Portugal vive uma época conturbada, com a guerra colonial em Angola no seu início (1961) e a existência de contestações internas (greves, movimentações de estudantes, guerrilhas no seio do próprio poder, vozes apoiantes de eleições livres e democráticas). Existe, podemos concluir, um desagrado geral em termos políticos, económicos e sociais.
As razões que justificam um tal descontentamento devem-se ao facto de se viver sob o regime ditatorial de Salazar e a uma crescente desigualdade entre ricos e pobres: o povo vivia reprimido e explorado, a miséria aumentava, o medo e o analfabetismo; vivia-se no obscurantismo, a PIDE perseguia os suspeitos, os “bufos” viviam disfarçados, espalhando o medo e a insegurança e a censura cortava tudo o que se provava ser contra o governo; repressão e tortura eram medidas recorrentes, condenando-se até sem provas.
        Luís de Sttau Monteiro evoca situações e personagens do passado como pretexto para falar do presente, artificio utilizado pelo dramaturgo para poder criticar a sociedade do seu tempo.

Português B
Dossier Exame 12º
Ed. Asa
 (adap.)

terça-feira, 13 de março de 2012

FACTO OU FATO?


é minha intenção ir colocando por aqui umas coisinhas relacionadas com estas questões do acordo ortográfico. adianto-me a essa intenção mais alargada uma vez que me foi colocada de novo a dúvida:

na palavra facto, o c fica ou cai?

como as certezas erradas são muitas, aqui fica o esclarecimento:

- a palavra facto é considerada um dos casos de dupla grafia e, como tal, deve manter-se ou omitir-se o c consoante o mesmo se pronuncie ou não.
em Portugal pronuncia-se, logo mantém-se.

nesta situação considerem-se ainda os seguintes casos:

- infecioso e infeccioso
- dição e dicção
- setor e sector 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Uma nota de pesar


é sempre um misto de tristeza e de alegria que nos assalta no final de cada ciclo escolar, aquele momento em que nos despedimos dos alunos no 12º ano. por aqui, essa tarefa revela-se facilitada visto ser um concelho onde todos se conhecem e acompanham percursos de vida e mesmo eu, não sendo daqui, acabo por descobrir mais um irmão, um primo de alguém que perdi no tempo e que, vindo a ser meu aluno, já me conhecia antes de o ser. habituamo-nos.

por vezes, todo esse conhecimento vem à tona da pior forma, por razões que nos marcam, entristecem, que nos obrigam a questionarmo-nos sobre o destino e as prioridades que fazem bandeiras. eu sei que o bom senso prevalece, ainda assim...

tinha 23 anos. a última vez que o vi, há 2 ou 3 anos, estava de passagem pela escola para falar com um antigo professor. fazia parte de uma turma que juntaram a uma minha no 12º ano pelo que conheci-o nesse ano, tempo suficiente, no entanto, para poder dizer que era o melhor aluno da turma, respeitador, educado e detentor de outras qualidades que faziam dele um elemento promissor no futuro. estava a acabar o curso. quis o destino que ao volante de um Audi tivesse o encontro fatal com um autocarro que transportava adeptos de um clube polaco na noite de 24 de fevereiro. e porque por aqui tudo se sabe e rapidamente, soubemos nós que era ele quem conduzia o Audi e não um homem de 40 anos como era noticiado. triste de qualquer maneira, mais triste, desculpem-me, porque se tratava de um jovem em início de vida.
na circunstância, revoltante também.

"morrem cedo aqueles que os deuses amam" diz o Poeta.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

PREPARAÇÃO PARA O "TESTE FLS" 3

Preparação para o teste sobre o texto dramático
FREI LUÍS DE SOUSA

Texto:
Cena III do Ato Primeiro, desde o início até à primeira e única fala de Telmo.
Questões:
1 – Integre o excerto transcrito na estrutura da obra a que pertence.
(esta questão é (quase) obrigatória. Aqui, sem novidade mas aconselho-vos a que redijam uma resposta e completa para perceberem como devem responder de forma correta e completa em situação de teste.)
2 – Neste excerto de FLS encontram-se três personagens em cena.
2.1 – Indique o assunto principal da conversa e dois que lhe estejam associados.
2.2 – Apresente a perspetiva de Maria sobre a figura de dom Sebastião.
2.3 – Exponha os argumentos que dona Madalena contrapõe à opinião de Maria.
3 – Releia a segunda fala de Maria.
3.1 – Identifique os sentimentos nela expressos.
4 – Maria refere-se a dom Sebastião como “o nosso bravo rei, o nosso santo rei dom Sebastião”, “meu querido rei dom Sebastião”, “o pobre do rei”.
4.1 – Descreva os efeitos de sentido produzidos por esta sequência de expressões.
5 – Caracterize, a partir de elementos do texto, a relação de Maria com Telmo e com Madalena.
6 – Aponte três características do Romantismo presentes no excerto transcrito.

PREPARAÇÃO PARA O "TESTE FLS" 2

ATO III, Cena IV e Cena V, FLS
DESDE  
TELMO (só)
ATÉ
… oh, sois vós, senhor?
1 – Integra estas cenas na estrutura da obra, evidenciando em que ponto do conflito dramático as personagens se encontram.
2 – Identifica os sentimentos que Telmo expressa no monólogo da cena IV.
3 – Analisa a reação do Romeiro às palavras finais de Telmo na referida cena.
4 – Comenta a fala proferida à parte por Telmo na cena V.
5 – Explicita as funções das indicações cénicas dadas ao longo do texto.
6 – Descreve, de forma sintética, as sucessivas atitudes de Telmo face ao Romeiro na cena V.


PREPARAÇÃO PARA O "TESTE FLS" 1

ATO I, Cena VIII, FLS
DESDE  
Manuel (passeia agitado de um lado…)
ATÉ
… que os há-de** alumiar
**(há-de = há de no novo acordo ortográfico)
Questões
1 – Integra esta cena na estrutura da obra, evidenciando em que ponto do conflito dramático as personagens se encontram.
2 – Caracteriza as duas personagens em cena, fundamentando a tua resposta em elementos do texto.
3 – Explicita as características da linguagem usada por Madalena mais evidentes nesta cena, mostrando como se adequam à índole da personagem e ao estado afetivo que ela vive.
4 – Sinaliza, no excerto, um indício claro da desgraça que está iminente e explica-o por palavras tuas.

ESCUTO O TEU SILÊNCIO I

Phalaenopsis


Por sempre te amar

 Por vezes, distraio-me
E teu nome toma-me, vem à tona
É quando repleta de ternuras
Repouso a solidão das minhas mãos
Em letras que conspiram saudades

Que fazer desta inquietude do sentir
Que aporta sempre em teus horizontes
Quando teus olhos sequer sabem de mim?
Meu coração comete atos que já não ouso
Parece dado aos desatinos e desvarios

Não me alcança o tempo do esquecer-te
Em ti descobre-se o meu sonho pelo mundo
Dispensando os ponteiros da razão.
No sopro das minhas lembranças
Chamo-te infinito, outra vezes eternidade.

Fernanda Guimarães


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

ERROS DE TODOS OS DIAS I

Não / Sim

Agradecê-mos muito /Agradecemos muito
A gente não estamos satisfeitos / A gente não está satisfeita
Vocês hadem pagá-las / Vocês hão de pagá-las (hão de – novo ac. ort.)
É preciso agir rápidamente / É preciso agir rapidamente
Tu também andastes nos escuteiros? /Tu também andaste…)
Eu daria-lhe outra oportunidade / Eu dar-lhe-ia outra oportunidade
Deiam-nos as vossas opiniões / Dêem-nos as vossas opiniões
Um dia hades ver que tenho razão / Um dia hás de ver que tenho razão  (hás de – novo ac. ort.)
Eles devem de estar a chegar / Eles devem estar a chegar
Se quisesse-mos, tínhamos ido / Se quiséssemos, tínhamos ido

domingo, 19 de fevereiro de 2012

VÍCIOS DE LINGUAGEM I

Solecismos:
- Erros de concordância
(as regras gramaticais da concordância não são respeitadas.)

A troca...teve


Dado serem duas pernas, diga-se VOS quero...


Metade dos partidos já VEM... concordância com Metade.




Não / Sim


Fazem cinco anos que […]
Faz cinco anos que […]
Houveram muitos acidentes
Houve muitos acidentes.
Aluga-se casas.
Alugam-se casas.
Precisam-se de operários.
Precisa-se de operários.
Procura-se empregados.
Procuram-se empregados.
Tratam-se dos melhores profissionais.
Trata-se dos melhores profissionais.
Não passavam das oito da manhã quando […]
Não passava das oito da manhã quando […]
Obrigado. – disse a rapariga.
Obrigada. – disse a rapariga.
Meia louca
Meio louca.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

DRAMA OU TRAGÉDIA? A CLASSIFICAÇÃO DE FLS




«Garrett disse na Memória ao Conservatório que o conteúdo de Frei Luís de Sousa tem todas as características de uma tragédia. No entanto, chama-lhe drama, por não obedecer à estrutura formal da tragédia:
não é em verso, mas em prosa;
não tem cinco atos;
não respeita as unidades de tempo e de lugar;
não tem assunto antigo.
Sendo assim, quase podemos dizer que é uma tragédia, quanto ao assunto. Na verdade,
1.          o número de personagens é diminuto;
2.          Madalena, casando sem ter a certeza do seu estado livre, e Manuel de Sousa, incendiando o palácio, desafiam as prepotências divinas e humanas (a hibris);
3.          uma fatalidade ( a desonra de uma família, equivalente à morte moral), que o assistente vislumbra logo na primeira cena, cai gradualmente (climax) sobre Madalena, atingindo todas as restantes personagens (pathos);
4.          contra essa fatalidade, os protagonistas não podem lutar (se pudessem e assim conseguissem mudar o rumo dos acontecimentos, a peça seria um drama); limitam-se a aguardar, impotentes e cheios de ansiedade, o desfecho que se afigura cada vez mais pavoroso;
5.          há um reconhecimento: a identificação do Romeiro (a agnorisis);
6.          Telmo, dizendo verdades duras à protagonista, e Frei Jorge, tendo sempre uma palavra de conforto, assumem o papel do coro grego.
Mas, por outro lado, a peça está a transbordar de romantismo:
1.          a crença no sebastianismo;
2.          a crença no aparecimento dos mortos, em Telmo;
3.          a crença em agouros, em dias aziagos, em superstições;
4.          as visões de Maria, os seus sonhos, o seu idealismo patriótico;
5.          o «titanismo» de Manuel de Sousa incendiando a casa só para que os Governadores do Reino a não utilizassem;
6.          a atitude que Maria toma no final da peça ao insurgir-se contra a lei do matrimónio uno e indissolúvel, que força os pais à separação e lhos rouba.
Se a isto acrescentarmos certas características formais, como

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CARACTERÍSTICAS DA TRAGÉDIA GREGA



Características da Tragédia Clássica:
1.      Efeitos sobre o público:     
·         Inspirar sentimentos de terror e piedade
2.      Características gerais:
2.1. 
Personagens de alta estirpe (social e moral).
2.2. Presença de um coro: conjunto de personagens que não intervêm diretamente na ação e cuja função é comentar determinados momentos da ação à medida que esta se vai desenrolando.
2.3. Lei das três unidades:
 ·         unidade de ação – a intriga deve ser simples, sem ações secundárias, de modo a evitar dispersão, aumentando assim a tensão dramática;
 ·         unidade de espaço – toda a ação deve desenrolar-se no mesmo espaço;
 ·         unidade de tempo – a duração da ação dramática nunca deve exceder as 24 horas.
2.4. Estrutura tripartida da ação:
·         Exposição – apresentação das personagens; esboçar do conflito ligado a um mistério na origem das personagens, mistério provocado pela força oculta do Destino o qual se revela através de indícios, que apontam para um desfecho trágico e para o desvendar do mistério inicial.
·         Progressão dramática – desenvolvimento do conflito que se encaminha para um clímax ( pathos – ponto culminante da ação trágica) em que se desvenda o mistério, ligado a uma relação de parentesco oculta ( reconhecimento / anagnórise);
·         Desenlace / Catástrofe – o fim das personagens é sempre a morte (física, social ou afetiva).


·             Aconselha-se a leitura de extratos da Memória ao Conservatório Real para, confrontando com as características gerais da tragédia clássica e do drama romântico, se inserir o Frei Luís de Sousa na tipologia dos textos dramáticos.            

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“ Memória ao Conservatório”
   Na Memória ao Conservatório Real, lida quando ofereceu o Frei Luís de Sousa à prestimosa instituição, afirma Garrett que a peça capaz de entusiasmar o homem moderno é o drama romântico. Expõe esse acerto comentando a peça que leva na mão.
a)      Um assunto de tragédia
Começa por dizer que na «história do Frei Luís de Sousa, (...) há toda a simplicidade de uma fábula trágica antiga». A catástrofe é um duplo suicídio: Manuel de Sousa e Madalena morrem para o mundo. Poderia com o enredo construir uma verdadeira tragédia se quisesse.
b)      Mas não quis fazer uma tragédia
E continua a expor o dramaturgo que não lhe deu o nome de tragédia, porque:
-          o assunto não é antigo;
-          não quis usar o verso;
-          utilizou a prosa, pois mal parecia não colocar prosa na boca do melhor prosador português.
c)      Quis chamar-lhe drama
«Contento-me para a minha obra com o título modesto de drama». Ninguém sabe – diz ele - o que é o drama; no entanto, confessa a seguir que é o único género de teatro com probabilidades de interessar a gente do século, toda inclinada ao estudo do homem.

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FREI LUÍS DE SOUSA
 A ação do drama e a história
   A ação do drama decorre em Almada, nos fins do século XVI, mais ou menos duas dezenas de anos após o desastre de Alcácer Quibir. Nesse tempo, em plena dominação espanhola, perpassava pelo coração de todos os patriotas portugueses uma onda avassaladora de sebastianismo.
       Madalena de Vilhena casara com D. João de Portugal, homem que respeitava muito, mas a quem nunca teve verdadeiro amor. D. João foi combater em Alcácer Quibir e não voltou.   D. Madalena indagou da vida ou morte do  marido, tanto quanto é humanamente possível. Não chegou a resultado algum.  Ninguém lhe dava notícias de ele ter morrido nem de estar vivo.
       Julgando-se então livre, uniu-se em segundas núpcias a Manuel de Sousa Coutinho, fidalgo que conhecera e amara, quando ainda vivia com D. João de Portugal.
       D. Madalena, que nunca obtivera a certeza absoluta da morte do primeiro  marido, não conseguia calar um certo remorso que se lhe agitava cada vez mais dentro do peito e vivia intranquila. Para aumentar este desassossego, muito contribuía o velho aio de D. João, Telmo, com a crença de que o seu Senhor voltaria, vivo ou morto.
       Manuel de Sousa, certo dia, queimou a casa onde morava, só para que os governadores filipinos de Lisboa, fugidos à peste, não a ocupassem, e a família tem de ir morar para um palácio que fora de D. João de Portugal. Para D. Madalena, tudo ali são recordações do primeiro marido. Ela não pode esquecê-lo. Vive apavorada com medo de que ele surja de uma hora para outra. E é que surgiu mesmo, na pessoa do Romeiro, que se identificou diante de Frei Jorge como sendo D. João de Portugal em carne e osso.
      Agora só havia uma solução: separarem-se D. Madalena e Manuel e abraçarem, de comum acordo, a vida religiosa. É o que vão fazer. Maria, tuberculosa, fraca, ao ver-se sem pais, cai morta aos pés deles, no momento em que tomavam hábito.
António José Barreiros,
História da Literatura Portuguesa,
2.º Volume