segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

MITOS E LUGARES MÁGICOS DE PORTUGAL (1) - MINHO



Pedras Leitais - pedras que se acreditava serem mágicas visto que, pela sua ação, as mulheres acabadas de dar à luz, viam o seu leite aumentar ou nascer caso este lhes faltasse.
 
 
 
 
Capela de S. João da Pedra Leital
Requião, concelho de Famalicão
 
Pedra Leital
 
Há um penedo com este nome, com uns mamilos naturais ou artificiais, onde as mulheres vão mamar, a fim de terem o leite que lhes falta, após o que dão três voltas ao penedo. Junto está a capela de S. João da Pedra Leital. Localiza-se em Requião, concelho de Famalicão.
 
 
 
 
Pedras Leitais de S. Mamede
 
Na Senhora de S. Mamede existem estas pedras onde, de acordo com uma antiquíssima tradição, as mulheres iam amamentar os seus filhos. Localiza-se em Póvoa de Lanhoso. 
 
 
 
 
 


sábado, 7 de fevereiro de 2015

ANÁLISE DO POEMA ULISSES in "MENSAGEM"

 
 
 
 
Ulisses
 
 
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo –
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.

Este que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.

Assim a lenda se escorre
A entrar nas realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
 
 
 
 
O título do poema – Ulisses – evoca o herói da Odisseia de Homero, que, segundo a lenda, tendo-se perdido no Mediterrâneo depois da vitória de Troia, teria aportado no estuário do Tejo e fundado a cidade de Olisipo (Lisboa).
v  - Ulisses poderá representar a vocação marítima dos portugueses já que é do mar que chega este antepassado mítico dos portugueses.
v  E se Ulisses é o mito que é nada e é tudo isso deve-se à sua importância enquanto lenda portadora de força que, por sua  vez, dá vida.
v  Na 3ª e última estrofe dá-se a passagem do nada ao tudo: “a lenda vem (escorre) de cima; ao entrar na realidade, fecunda-a – fazendo o “milagre” de tornar irrelevante a vida cá de baixo, dita do mundo real, objetivo: “Em baixo, a vida, metade/De nada, morre”. Só readquire vida aquilo que o mito/nada tudo fecunda – e o processo não é do passado, mas intemporal – daí os tempos verbais no presente.”
 
*** neste poema, Pessoa parece dizer-nos que não importa se as figuras de que vai ocupar-se, os heróis fundadores, tiveram ou não existência histórica. O que é importante é a sua função enquanto mito, com a força própria do mito porque é então que ele é tudo.
Assim, o que realmente importa não é saber se Ulisses terá existido realmente mas ter consciência daquilo que ele representa: “o futuro glorioso de Portugal” só poderá concretizar-se se houver apropriação da energia que ele gera e da força criadora que ele liberta. (3ª est.)
v  Podemos considerar que este poema ajuda a explicar os que se lhe seguirão na Mensagem onde os heróis fundadores, apesar da sua existência histórica feita de êxitos e fracassos, aparecem mitificados.
 
 
 


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

COMEÇO A CONHECER-ME. NÃO EXISTO.

Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida ...
Sou isso, enfim ...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.
Álvaro de Campos


pilares



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

ÚLTIMAS NOTAS SOBRE "FARSA DE INÊS PEREIRA"

Tempo 
É um tempo dilatado, tendo o espetador dificuldade em se aperceber da sua passagem.
 
Cómico
Encontramos, nesta farsa, cómico de situação ou de personagem em Inês, Pêro Marques e no Escudeiro; de situação na cena de ‘’namoro’’ de Inês com Pêro Marques; de linguagem na carta e linguagem de Pêro Marques e na fala dos Judeus casamenteiros. Podemos considerar as rezas e as pragas (esconjuros) como cómico de linguagem.
 
Objetivo da crítica vicentina
Gil Vicente critica:
·   A mentalidade das jovens raparigas;
·   Os escudeiros fanfarrões, galantes e pelintras;
·   A selvajaria e ingenuidade de Pêro Marques;
·   As Alcoviteiras e os Judeus casamenteiros;
·   Os casamentos por conveniência;
·   Os Clérigos e os Ermitões.
 
Concluindo
Desta ação pode extrair-se que o que Inês mais queria, acabou por conseguir: a sua liberdade, encontrada junto de Pêro Marques. A unidade da ação é dada pelo tema e pela personagem principal, Inês Pereira, sempre presente em cena sendo que todas as personagens e ação giram à sua volta.
Não há dúvida de que Gil Vicente demonstrou aos contemporâneos que nele não acreditavam, e com esta peça, ser de facto, o grande criador das obras que fazia representar.







 
 
 
 
 
 
 
 
 
 E AINDA...
 

 

 

A temática da peça Farsa de Inês Pereira está profundamente ligada à realidade social da época de Gil Vicente: o desejo de ascensão social da pequena burguesia que vê no casamento uma forma de consegui-la, o oportunismo, o desprezo pela vida ligada ao campo e o fascínio pelos hábitos e costumes da Corte face à ignorância do rústico, embora rico, e à sua ingenuidade, a falta de escrúpulos (núcleo da peça).


O desenvolvimento do capitalismo reforçou o poder do monarca e provocou a decadência da nobreza feudal e a riqueza proveniente do comércio ultramarino tendia a ser grande base do prestígio social. A aristocracia dependia dessa riqueza e procurou diminuir a sua importância, desprezando-a e valorizando as origens, da ascendência do sangue, a educação, a fineza, as boas maneiras, a honra e a coragem, enfim os ideais cavaleirescos. E como a nobreza, mesmo decadente, ainda conservava grande prestígio social, acabou por impor o estereótipo do cavaleiro como modelo a que deviam aspirar todos aqueles que queriam pertencer à classe superior.


A burguesia (comércio e finanças) procurou imitar esse figurino com desejo de ascensão social passando a imitar os nobres enquanto sonhavam subir na escala social, mas isso tornou-se cómico e ridículo.

É mais ou menos o que acontece em “Inês Pereira”, o Escudeiro domina Inês e torna-a infeliz. Viúva, ela procura o antigo pretendente rejeitado, casa-se com ele por ser rico, ingénuo e tolo, acabando por dominá-lo e traí-lo sem o menor remorso.