quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

ÚLTIMAS NOTAS SOBRE "FARSA DE INÊS PEREIRA"

Tempo 
É um tempo dilatado, tendo o espetador dificuldade em se aperceber da sua passagem.
 
Cómico
Encontramos, nesta farsa, cómico de situação ou de personagem em Inês, Pêro Marques e no Escudeiro; de situação na cena de ‘’namoro’’ de Inês com Pêro Marques; de linguagem na carta e linguagem de Pêro Marques e na fala dos Judeus casamenteiros. Podemos considerar as rezas e as pragas (esconjuros) como cómico de linguagem.
 
Objetivo da crítica vicentina
Gil Vicente critica:
·   A mentalidade das jovens raparigas;
·   Os escudeiros fanfarrões, galantes e pelintras;
·   A selvajaria e ingenuidade de Pêro Marques;
·   As Alcoviteiras e os Judeus casamenteiros;
·   Os casamentos por conveniência;
·   Os Clérigos e os Ermitões.
 
Concluindo
Desta ação pode extrair-se que o que Inês mais queria, acabou por conseguir: a sua liberdade, encontrada junto de Pêro Marques. A unidade da ação é dada pelo tema e pela personagem principal, Inês Pereira, sempre presente em cena sendo que todas as personagens e ação giram à sua volta.
Não há dúvida de que Gil Vicente demonstrou aos contemporâneos que nele não acreditavam, e com esta peça, ser de facto, o grande criador das obras que fazia representar.







 
 
 
 
 
 
 
 
 
 E AINDA...
 

 

 

A temática da peça Farsa de Inês Pereira está profundamente ligada à realidade social da época de Gil Vicente: o desejo de ascensão social da pequena burguesia que vê no casamento uma forma de consegui-la, o oportunismo, o desprezo pela vida ligada ao campo e o fascínio pelos hábitos e costumes da Corte face à ignorância do rústico, embora rico, e à sua ingenuidade, a falta de escrúpulos (núcleo da peça).


O desenvolvimento do capitalismo reforçou o poder do monarca e provocou a decadência da nobreza feudal e a riqueza proveniente do comércio ultramarino tendia a ser grande base do prestígio social. A aristocracia dependia dessa riqueza e procurou diminuir a sua importância, desprezando-a e valorizando as origens, da ascendência do sangue, a educação, a fineza, as boas maneiras, a honra e a coragem, enfim os ideais cavaleirescos. E como a nobreza, mesmo decadente, ainda conservava grande prestígio social, acabou por impor o estereótipo do cavaleiro como modelo a que deviam aspirar todos aqueles que queriam pertencer à classe superior.


A burguesia (comércio e finanças) procurou imitar esse figurino com desejo de ascensão social passando a imitar os nobres enquanto sonhavam subir na escala social, mas isso tornou-se cómico e ridículo.

É mais ou menos o que acontece em “Inês Pereira”, o Escudeiro domina Inês e torna-a infeliz. Viúva, ela procura o antigo pretendente rejeitado, casa-se com ele por ser rico, ingénuo e tolo, acabando por dominá-lo e traí-lo sem o menor remorso.

 

 
 
 

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