terça-feira, 23 de abril de 2013

Sobre o acento circunflexo ... Pôr, Dispôr e outros





Verbo pôr - é acentuado ao contrário dos verbos dele derivados.

Assim, escreva-se:

DISPOR, COMPOR, APOR...


No entanto, devemos acentuar

DISPÕE, DISPÕEM, COMPÔS

É frequente encontrar inscrita a palavra residêncial nos toldos das Entradas daqueles estabelecimentos comerciais; tratar-se-á de uma clara confusão com o vocábulo residência.
De notar que, se os nomes (substantivos) têm acento circunflexo, o mesmo não se passa com o adjetivo a eles relativo.

ASSIM:

Residência - Residencial

Inteligência - Inteligente

Paciência - Paciente

Agência - Agente
...


segunda-feira, 22 de abril de 2013

Como se escreve...?




CAIEM ou CAEM?
SAIEM ou SAEM
TRAIEM ou TRAEM?

Formas corretas:

CAEM / SAEM / TRAEM

Nota: Os verbos em -air, como cair, sairtrair, mantêm o i em toda a conjugação, exceto na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo.


HÁ CERCA DE / ACERCA DE / CERCA DE


1. há cerca de - verbo haver + locução prepositiva
Ex: Há cerca de seis meses que não nos vemos.

2. acerca de - locução prepositiva = sobre, a respeito de
Ex: A conferência foi acerca de Fernando Pessoa.

3. cerca de - locução prepositiva = mais ou menos
Havia cerca de meio milhar de pessoas no espetáculo.


terça-feira, 16 de abril de 2013

"página vinte e um" ou "vinte e uma página"?











Devemos dizer "página vinte e um"; então também devemos dizer "vinte e uma página"?
Assim como se deve dizer página vinte e dois uma vez que o numeral, colocado depois, concorda neste caso com a palavra "número", omissa, o mesmo sucede na expressão "página vinte e um" (número vinte e um, que representa a ordem da página.
Já o mesmo não sucede quando estamos a referir-nos à quantidade de páginas, com o numeral colocado antes. Deve-se, neste caso, estabelecer a concordância entre a grandeza avaliada e o numeral que representa essa medida,
Exemplo: “vinte e dois jogadores no plantel”
Logo, devemos dizer: vinte e uma páginas – “uma” porque página é do género feminino; “plural” em páginas porque são várias.
Não dizer, atenção, “vinte e uma página” pois é incorreto… os símbolos não têm plural e se considerarmos “página” uma unidade de medida do volume de um livro, em páginas, e do mesmo modo que dizemos “vinte e uma horas”, devemos também escrever vinte e uma páginas.



domingo, 14 de abril de 2013

Memorial do Convento - A Construção do Convento





A Construção do Convento

v  Macro espaço – MAFRA (onde surgem as personagens principais Blim. e Balt.)

                                                                                              Outro macro espaço: Lisboa
Micro-espaços:
- Terreiro do Paço
- Rossio
- S. Sebastião da Pedreira

v  Construção em Mafra como cumprimento de uma promessa do rei (a Ordem Franciscana aguardava há mais de 100 anos poder construir um convento, por via administrativa, em Mafra.)  (Cap.I, p.14)

*      No início da sua história, a vida de Mafra concentrava-se à volta do antigo castelo, junto à igreja de Santo André. **Séc.XVIII – torna-se um polo de atração, surge uma nova vida em resultado dos que vieram construir o convento.
*      O projeto do Mosteiro foi entregue ao arquiteto João Frederico Ludovice, ao serviço dos Jesuítas, em Lisboa. A construção do Convento é um reflexo da riqueza, do ouro do Brasil.

v  O rei vai ao local onde vai ser construído o Convento. (Cap. VIII, ultº § do cap.).
*      Saramago olha este edifício com o olhar crítico de homem do nosso tempo dando especial relevo à luta titânica dos homens que o construíram para satisfazerem a vaidade e a ambição de um rei.
*      A intenção/sonho do rei era fazer uma obra comparável à igreja de S. Pedro em Roma mas o arquiteto convence-o a mudar de ideias.

v  Sobre a vontade/decisão real (Cap. XXI)

v  Rei: ser vulnerável como os outros / tem medo da Morte mas é uma questão de vaidade pois, na realidade, teme que a morte o impeça de assistir à sagração do convento.

*      Escolhe como data 22 de Outubro de 1730, domingo, pois o ritual diz que deve ser esse o dia para sagração das basílicas).
No entanto, as obras estariam atrasadas para esta data. Quando seria de novo o seu aniversário num domingo? (Cap. XXI)


quinta-feira, 11 de abril de 2013

Memorial do Convento - O Tempo. A Crítica. O Espaço.





O Tempo. O Espaço. A Crítica.
A História e a Ficção.


TEMPO

  • Início da Narrativa = 1711


®    O rei casou em 1708  (diz-se que a rainha tinha chegado há mais de 2 anos).
®    O rei nasceu em 1689  (diz-se que tem 22 anos = 1711).

  •  As referências temporais são poucas mas as datas que existem, e que são importantes, permitem-nos seguir cronologicamente a acção, através de deduções.

  •  PROLEPSES – encontram-se integradas nas digressões mentais.

- conferem ao Narrador estatuto de omnisciente

- estão aliadas à ironia      
                                 Capítulos XV, XVII, XVIII

  •  1717 – data da bênção da primeira pedra do Convento. - Cap. XII.

  • 1725 – data em que foi estabelecido o contrato de casamento dos príncipes.- Cap. XXII


                     “o agora” – 1729     

  • 1730 – data da inauguração / sagração do Convento  (D. João V tem 41 anos) Cap. XXIV.

- desaparecimento de Baltasar  no dia em que todos vão assistir à Sagração do Convento; ele vai para Montejunto a fim de consertar a máquina que está lá escondida.   (Cap. XXIII)- verifica-se que a máquina funciona.
  •  A narrativa termina em 1739 – após os 9 anos em que Blimunda procura Baltasar.


          - encontra-o no Rossio a ser queimado com António José da Silva, o Judeu; temos, neste caso, mais uma indicação histórica verídica.

Conclusões:   Saramago diz que a História é ficção por isso, há um desprezo pelo tempo cronológico.


ESPAÇO (s)

  • Ilustra(m) o ambiente e os costumes da época.

  • Espaços físicos privilegiados ------  macro-espaços (Lx e Mafra)


       

            Lisboa  >  micro-espaços – T. Paço, Rossio, S. Sebast. Pedreira, Odivelas, Azeitão

         Mafra   >  micro-espaços – Alto da Vela, Pêro Pinheiro (pedra), Serra do Barregudo, Serra de Montejunto, T. Vedras.


  • Lisboa = espaço social – ilustra bem as injustiças sociais. A minoria tem tudo, o Povo nada tem.  Caps. III, (texto da procissão) VIII, XV


A CRÍTICA


  • O Memorial do Convento é um romance que se apresenta como uma crítica, cheia de ironia, ao que se passava no início do sec. XVIII.



   
- o romance critica:

       - opulência rei / nobreza           Cap. III / Cap. IV
                    Vs.
       - extrema miséria do povo

  •  Lisboa é um alvo privilegiado das críticas.     Cap.III


  • Sátira  encontra-se presente:

                                  > nos casos de adultério (corrupção de costumes)   Cap. III
                                  > nas classes altas = os frades levam as mulheres para as          
                                                 celas.   Cap. VIII
                  > o rei tem encontros com as freiras  (Madre Paula de
                                             Odivelas, por exemplo)   Cap. XIII

  • O romance denuncia os métodos utilizados pela Inquisição e a repressão exercida sobre o Povo.  Cap. V



                                                MAS

                    Também se critica o Povo que aplaude a queima   (= touradas)


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Memorial do Convento de José Saramago - orientações para uma leitura




Para uma leitura / análise de Memorial do Convento de José Saramago
(Baseado em Como abordar… Memorial do Convento de Alzira Falcão, Areal Editores)

ORIENTAÇÕES

Relação Rei / Rainha
- a corte; regime absolutista; relação conjugal; a urgência no nascimento de um herdeiro (excerto pp. 15/17); os sonhos da rainha (ver Cap. X, pp. 113/114).

O amor – Baltasar e Blimunda
- Baltasar Sete-Sóis (Cap. IV); Blimunda; classificação da relação existente entre eles; simbolismo do nº 7 (excertos Cap. V, pp. 54/57).

O amor – caracterização de Baltasar e de Blimunda
(Cap. IV, V, VI) – Baltasar conhece Blimunda; importância dos olhos (Cap. V, X); Blimunda vidente (Cap. XXIII, XXIV).

A Inquisição. Um auto de fé.
(Cap. V) – aspetos formais: formas verbais no gerúndio, metáfora, ironia, adjetivação, visualismo, …

O Padre Bartolomeu e a Religião
(Caps. V, VI, XI, XIII, XIV, XV, XVI)
- a sua visão da religião que professa; as quatro vidas diferentes do padre Bartolomeu; o seu temor em relação ao Santo Ofício; o padre e a passarola; o sermão do Corpo de Deus - exemplo de texto argumentativo; identificação dos três momentos.
A construção do Convento
- identificação do local e do motivo da sua construção; contextualização; D. João V e a morte; (Caps. I, VIII, XXI).
                   
A epopeia da pedra
- transporte de uma pedra para Mafra - o povo herói / perspetiva do narrador (Cap. XIX).
                     # a história de Manuel Milho

A sagração do Convento
- o rei e a morte (de novo!) – (Cap. XXI)                        
- o dia da sagração (Cap. XXIV) – a pompa e o luxo que rodeiam a cerimónia  - a sátira (marcas textuais).
                  
O sonho do Padre Bartolomeu Lourenço
- o Padre inventor
- a construção da Passarola
(relações sociais; a sua amizade com Baltasar e Blimunda).

“As vontades dos vivos”
- Cap. IX – o éter;
- Cap. XI – Blimunda e a recolha das vontades
- Cap. XIII – o padre e o Santo Ofício
- Cap. XVI – a fuga na passarola
- Cap. XX e XXIII

A conjugação de saberes. Scarlatti, o 4º elemento.
- quem é Domenico Scarlatti (Cap. XIV) – músico setecentista
- a sua função no projeto
- quais os saberes que contribuem para a construção da passarola

O valor da música. A doença de Blimunda
- papel da música na construção da passarola e na doença de Blimunda (Caps. XIV, XV, XVI)

O tempo. O espaço. A crítica. A História e a ficção.
- tempo – Cap. I, II, XV, XVII, XVIII, XII, XXII, XXIV, XXIII
- espaço – Cap. III, VIII, XV
- a crítica – Cap. III, IV, VIII, XIII
- lado histórico – Cap.
- outros aspetos a considerar : lado ficcional, o Narrador, linguagem e estilo, recursos de estilo e provérbios.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

... a propósito de Saramago





Certo e certo.
Opiniões geram opiniões e estas, por sua vez, outras, mais novas ou não.

Um escreveu e opinou, o outro opinou e tocou as raias do ridículo.

                                                                    (se eu fosse falar de uns quantos que, na minha opinião, não merecem a cidadania portuguesa! Mas e claro, essa seria sempre a minha anónima e humilde opinião…).

Leio e gosto de Saramago o que não faz de mim uma sua seguidista política.
Leio e concordo com algumas das “acusações” que ele faz nos seus livros (chamemos-lhes “considerações”) o que não faz de mim uma ateísta ou opositora a Deus. Não sendo praticante, considero-me católica e bem formada porque sigo, tanto quanto posso, os princípios do Bem, do Amor ao próximo. Do mesmo modo que compro os livros de Saramago e não tenho comissão nas vendas.
Quando esta polémica despoletou, e creio mesmo que se não fosse o senhor deputado a falar nisso…, talvez este fosse um livro de Saramago, mais um, contestado pela Igreja. Naturalmente que compreendo que a Igreja tenha de, deva tomar uma posição. Apenas lamento que não o tenha feito relativamente a outras situações relacionadas com pedofilia e demais arbitrariedades. Mas essa, e uma vez mais, é apenas a minha opinião que vale o que vale.
Pergunto-me e por tudo aquilo que terá suscitado a polémica, se alguém ignora a existência dos abusos, das mortes, da Inquisição e de todos os seus males, sempre em nome de Deus? Falar deles é condenável? Emitir opinião contrária ao esperado sobre tudo isto é motivo de extradição? Quer então isso dizer que concordamos com todas essas acções… ou que metemos a cabeça debaixo da areia e esquecemos.
Indo mais longe, o meu lado pensante nunca percebeu o sentido da classificação “Guerra Santa”, por exemplo.
Quando o Evangelho foi publicado debaixo de ferro e fogo e houve quem me criticasse pela sua leitura, disse como digo agora, não concordo com todas as suas ideias mas é meu dever saber quais são; por outro lado, qual é o ser humano que não pensa duas vezes sobre a legitimidade da chacina dos primogénitos…?

Para além do carácter metafórico que lhe é atribuído, da segunda leitura necessária, penso que não é muito congruente o aparecimento na Bíblia de certas ideias, posições ou situações, sendo Esta um manual de princípios religiosos a seguir.

Considero José Saramago um dos espíritos mais lúcidos da actualidade, uma mente brilhante nos domínios em que se manifesta, com uma visão social e religiosa dos nossos e de outros tempos corajosa como poucas. Choca, abana, tira do marasmo. Lembro-me da sua opinião acerca da nomeação de Obama para Prémio Nobel da Paz, considerou-a “um investimento”. Dá que pensar, naturalmente. Os bajuladores estão sempre certos e a fazerem-se ouvir com as frases do costume, mesmo que se tenham questionado sobre a “utilidade” do prémio em causa. Também eu me perguntei Porquê Obama? Ainda não sei mas agradou-me a hipótese do escritor.

Em toda esta amálgama de sentidos e cruzamentos, o que verdadeiramente me chocou foi a hipótese considerada pelo senhor deputado, de abdicação de cidadania. Se aos escritores (se) exige moderação na expressão das suas ideias, aos políticos também já para não falar nos gestos em lugares de soberania. A responsabilidade pública de instituições, órgãos e pessoas é frequentemente esquecida nos nossos dias pois o poder é tido como a passagem para o tudo que se deseja fazer, como marcação de terreno e de autoridade. Mentira. Essa mesma responsabilidade é muito mais exigente do que se considera e esta manifestação política, independentemente de tudo o que possa ter sido aqui dito, não é conveniente politicamente. Se as regras do jogo fossem assim, rigorosas e extremistas, não deveria ter existido um 25 de Abril, não deveríamos ter sido candidatos a uma qualquer forma de Democracia e por pior que esta possa ser.  Quem pensa assim não merece a igualdade de expressão pois devia ser regido pelos princípios que exige aos outros. E não é uma questão política esta aqui exposta mas antes de ponderação, a mesma que se exige. Com o País cheio de indesejáveis, como se pode adiantar uma solução como esta? Conhecem-se as razões que levaram à opção de Espanha como habitat, do incómodo que teria sido na altura um prémio Nobel a tal escritor… e se fosse um autor estrangeiro?
Por que continuamos nós a recusar a qualidade que outros acabam por “aproveitar”? Por que continuamos nós a defender o politicamente estrangeiro como correcto? E sempre com o mesmo espírito reduzido ou redutor que levou à recusa do ideal de Colombo… até quando? Desde sempre, creio eu.

Inevitavelmente

(sem data)