Certo e
certo.
Opiniões
geram opiniões e estas, por sua vez, outras, mais novas ou não.
Um
escreveu e opinou, o outro opinou e tocou as raias do ridículo.
(se eu fosse falar de uns quantos que, na minha opinião, não merecem a
cidadania portuguesa! Mas e claro, essa seria sempre a minha anónima e humilde
opinião…).
Leio e
gosto de Saramago o que não faz de mim uma sua seguidista política.
Leio e
concordo com algumas das “acusações” que ele faz nos seus livros (chamemos-lhes
“considerações”) o que não faz de mim uma ateísta ou opositora a Deus. Não sendo
praticante, considero-me católica e bem formada porque sigo, tanto quanto
posso, os princípios do Bem, do Amor ao próximo. Do mesmo modo que compro os
livros de Saramago e não tenho comissão nas vendas.
Quando
esta polémica despoletou, e creio mesmo que se não fosse o senhor deputado a
falar nisso…, talvez este fosse um livro de Saramago, mais um, contestado pela
Igreja. Naturalmente que compreendo que a Igreja tenha de, deva tomar uma
posição. Apenas lamento que não o tenha
feito relativamente a outras situações relacionadas com pedofilia e demais
arbitrariedades. Mas essa, e uma vez mais, é apenas a minha opinião que vale o
que vale.
Pergunto-me
e por tudo aquilo que terá suscitado a polémica, se alguém ignora a existência
dos abusos, das mortes, da Inquisição e de todos os seus males, sempre em nome de Deus ? Falar
deles é condenável? Emitir opinião contrária ao esperado sobre tudo isto é motivo
de extradição? Quer então isso dizer que concordamos com todas essas acções… ou
que metemos a cabeça debaixo da areia e esquecemos.
Indo mais
longe, o meu lado pensante nunca percebeu o sentido da classificação “Guerra
Santa”, por exemplo.
Quando o Evangelho foi publicado debaixo de ferro
e fogo e houve quem me criticasse pela sua leitura, disse como digo agora, não
concordo com todas as suas ideias mas é meu dever saber quais são; por outro
lado, qual é o ser humano que não pensa duas vezes sobre a legitimidade da
chacina dos primogénitos…?
Para além
do carácter metafórico que lhe é atribuído, da segunda leitura necessária,
penso que não é muito congruente o aparecimento na Bíblia de certas ideias,
posições ou situações, sendo Esta um manual de princípios religiosos a seguir.
Considero
José Saramago um dos espíritos mais lúcidos da actualidade, uma mente brilhante
nos domínios em que se manifesta, com uma visão social e religiosa dos nossos e
de outros tempos corajosa como poucas. Choca, abana, tira do marasmo. Lembro-me
da sua opinião acerca da nomeação de Obama para Prémio Nobel da Paz,
considerou-a “um investimento”. Dá que pensar, naturalmente. Os bajuladores
estão sempre certos e a fazerem-se ouvir com as frases do costume, mesmo que se
tenham questionado sobre a “utilidade” do prémio em causa. Também eu me
perguntei Porquê Obama? Ainda não sei
mas agradou-me a hipótese do escritor.
Em toda
esta amálgama de sentidos e cruzamentos, o que verdadeiramente me chocou foi a
hipótese considerada pelo senhor deputado, de abdicação de cidadania. Se aos
escritores (se) exige moderação na expressão das suas ideias, aos políticos
também já para não falar nos gestos em lugares de soberania. A responsabilidade
pública de instituições, órgãos e pessoas é frequentemente esquecida nos nossos
dias pois o poder é tido como a passagem para o tudo que se deseja fazer, como
marcação de terreno e de autoridade. Mentira. Essa mesma responsabilidade é
muito mais exigente do que se considera e esta manifestação política, independentemente
de tudo o que possa ter sido aqui dito, não é conveniente politicamente. Se as
regras do jogo fossem assim, rigorosas e extremistas, não deveria ter existido
um 25 de Abril, não deveríamos ter sido candidatos a uma qualquer forma de
Democracia e por pior que esta possa ser.
Quem pensa assim não merece a igualdade de expressão pois devia ser
regido pelos princípios que exige aos outros. E não é uma questão política esta
aqui exposta mas antes de ponderação, a mesma que se exige. Com o País cheio de
indesejáveis, como se pode adiantar uma solução como esta? Conhecem-se as
razões que levaram à opção de Espanha como habitat,
do incómodo que teria sido na altura um prémio Nobel a tal escritor… e se fosse
um autor estrangeiro?
Por que
continuamos nós a recusar a qualidade que outros acabam por “aproveitar”? Por
que continuamos nós a defender o politicamente estrangeiro como correcto? E
sempre com o mesmo espírito reduzido ou redutor que levou à recusa do ideal de
Colombo… até quando? Desde sempre, creio eu.
Inevitavelmente
(sem
data)
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