sexta-feira, 31 de outubro de 2014

TESTE DE AVALIAÇÃO E PLANIFICAÇÃO DAS RESTANTES AULAS







Proposta de data para o Teste de Avaliação - 27 de Novembro (mesmo que, entretanto, se inicie o estudo do conteúdo seguinte, este dia parece-me mais favorável para aqueles que chegam um pouco atrasados.)
 
Planificação dos conteúdos a abordar:
 
dia 5 de novembro - Albas ou Alvoradas - "Levantou-s' a velida"; atividades de compreensão;
 
dia 6 de novembro - atividades de compreensão, correção e abordagem às cantigas de amor;
 
dia 12 de novembro - cantiga de amor "Que soidade de mha senhora ei,"; atividades de compreensão;
 
dia 13 de novembro - correção; cantiga de amor "Quer'eu en maneira de provençal"; atividades de compreensão;
 
dia 19 de novembro - conclusão (?); abordagem às cantigas de escárnio e maldizer; cantiga de escárnio e maldizer "Roi Queimado morreu com amor";
 
dia 20 de novembro - atividades de compreensão para a cantiga abordada no dia 19 de novembro.
 
 
 
(plano sujeito a alterações mas não relativamente à data prevista para o teste)
 
 
 
*** estejam atentos à atualização do blogue e ao mail. Bom trabalho!
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

TÓPICOS DE ANÁLISE PARA A CANTIGA "AI FLORES, AI FLORES DO VERDE PINO"



    Tematicamente, esta cantiga desenvolve-se em torno do apelo  que a rapariga faz à Natureza, na tentativa de saber novas do seu amigo ausente e de quem sente saudades.
    É possível distinguir dois momentos neste texto: um primeiro constituído pelas quatro primeiras estrofes e um segundo pelas quatro restantes.
    Na primeira parte, o sujeito de enunciação questiona a Natureza, aqui representada pelas flores do verde pino, sobre o seu amigo enquanto na segunda estas lhe respondem, tranquilizando-a. Mais uma vez, o estado de espírito  manifestado pela menina é de angústia e de incerteza relativamente ao seu amado mas, também, quanto às suas intenções amorosas.
    Este momento de diálogo entre a donzela e a Natureza tem como cenário a própria Natureza.
    Esta cantiga é constituída por oito estrofes / coplas, dísticos com refrão, monorrimos e monóstico, respetivamente, com rima emparelhada, alternando AA / BB / AA... nos dísticos.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

RESPOSTA AOS TÓPICOS DE ANÁLISE PARA A CANTIGA "ONDAS DO MAR DE VIGO"





1 - A donzela encontra-se desesperada por não saber onde se encontra o seu amigo, se e quando ele virá. Por essa razão questiona as ondas do mar de Vigo, perguntando-lhes se o terão visto. 
Nesta cantiga há que considerar duas temáticas: uma relacionada com a saudade sentida pelo "eu" que assim o manifesta - temática amorosa (estrofes III e IV); outra, diretamente ligada à presença do mar, ou tema marítimo, correspondente às estrofes I e II, relativas ao apelo que é feito às ondas do mar.

2 - O sujeito poético encontra-se aqui representado pela figura feminina, a menina, sendo o destinatário das suas palavras o mar que ela questiona- destinatário literário.

3 - Como já foi afirmado, a menina sente-se desesperada face ao que poderá ter acontecido ao seu amigo e a comprová-lo temos as seguintes expressões:

* "o por que eu sospiro!"
* " por que hei gram coidado"
* o refrão que denuncia este estado de espírito através da utilização da expressão "e ai Deus" como numa súplica final, encerrando cada estrofe.

4 - As causas desta preocupação devem-se ao facto de o amigo se encontrar em paradeiro desconhecido, longe mesmo.
As questões que a menina coloca são bem prova disso e há que salientar os dois momento de uma mesma questão:

"se vistes (...) e (...) se verrá cedo!"

5 - Toda esta angústia assenta na preocupação se ele terá sido visto e na manifestação do desejo de que ele regresse logo, depressa (ver exemplo de 4..

6 - As ondas do mar têm uma dupla função, por um lado, representam o obstáculo que separa os dois amigos ou amados e que, pelas suas características, mar levado, com ondas (encapelado), dificulta a aproximação entre ambos. Por outro lado, o mar desempenha nesta cantiga o papel de confidente da menina, tal como se fosse a sua mãe ou uma amiga.
 
7 - Outras técnicas que intensifiquem o sentimento manifestado pela menina são:

* a predominância de frases exclamativas;
* a interjeição "e ai Deus" num apelo às forças divinas;
* numa segunda leitura, o facto de as ondas não lhe darem resposta o que poderá aumentar a angústia sentida pela rapariga.
 
8 - Existem nesta cantiga termos ou vocábulos ligados à área vocabular de mar como sejam, ondas, mar e mar levado para além do próprio cenário em que a menina se encontra.


 

sábado, 25 de outubro de 2014

TÓPICOS DE ANÁLISE PARA A CANTIGA "ONDAS DO MAR DE VIGO"

 
 
INDICAR:
 
- tema;
- sujeito poético e o destinatário;
- estado de espírito do sujeito poético, referir as causas e  justificando com expressões do texto;
- sujeito de enunciação manifesta uma preocupação e um desejo... refira-os e distinga-os;
- qual o papel das ondas do mar;
- o refrão, enquanto técnica de repetição, intensifica o sentimento manifestado pela rapariga mas existem outros processos que contribuem para essa intensificação; refira-os;
- quais os motivos que nos permitem inserir esta cantiga nas barcarolas ou marinhas.

ANÁLISE DA CANTIGA DE AMIGO "ONDAS DO MAR DE VIGO,"


Martim Codax      (clicar aqui)

 Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo?**
        e ai Deus, se verrá cedo?
  

Ondas do mar levado,
5se vistes meu amado? **
       e ai Deus, se verrá cedo?
  
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
       e ai Deus, se verrá cedo?
  
10Se vistes meu amado,
o por que hei gram coidado?
       e ai Deus, se verrá cedo?


 

Vigo - Na época medieval, apenas uma pequena povoação nas Rias Baixas galegas.








 
    Estamos, mais uma vez, em presença de uma cantiga de amigo, do subgénero Barcarola ou Marinha, sugerido pela presença do mar, elemento natural a que a rapariga se dirige, pretendo saber novas do seu amigo, "Ondas do mar de Vigo, / se vistes...".
    E se este apelo constitui o tema desta cantiga, há que distinguir a existência de duas vertentes dentro desta mesma temática: a temática marítima, (ests. I e II) e a temática amorosa, presente nas duas outras estrofes.
    Nas primeiras duas estrofes ou de temática marítima, encontramos o já referido apelo da menina, que questiona as ondas do mar sobre o paradeiro do seu amigo, visível, aliás, na forma verbal "se vistes" e igualmente no refrão "se verrá cedo".
No segundo conjunto de estrofes ou temática amorosa, a menina expressa os seus sentimentos mais   profundos
"o por que eu sospiro?" e "o por que hei gram coidado" reveladores da sua "coita", da sua angústia bem como da sua preocupação e da sua saudade em relação ao amado.
    O mar surge aqui como confidente em substituição da mãe ou da amiga embora represente, simultaneamente, um obstáculo que se interpõe entre os dois amados. Por sua vez, o mar apresenta-se com ondas, revolto e bravo, constituindo assim um obstáculo acrescido; é ainda possível estabelecer uma relação entre o estado do mar e o estado de espírito da menina, angustiada e desesperada pela ausência do amigo.
 
    Aspetos formais a considerar:
    1 - paralelismo perfeito;
    2 - leixa-prem**;
    4 - Vocativo / Apóstrofe;
   5 - rima AA / BB / A'A / B'B - alternada, contribuindo para a musicalidade do texto;
    6 - dísticos monorrimos;
    7 - refrão monóstico;
   
    Outras notas:
    1 - toda a cantiga poderia resumir-se aos versos 1, 2, 8, e refrão;
    2  - neste texto não há ação; o discurso é semidirecto (monólogo interior) cujo destinatário é literário, ou seja, as ondas do mar;
    3 - o refrão exterioriza a dúvida da donzela, que tanto a angustia;
    4 - personificação das ondas do mar que, no entanto, não ouvem o apelo.
 











 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

ANÁLISE DA CANTIGA DE AMIGO "SEDIA-M'EU NA ERMIDA DE SAM SIMION"

 
CLICAR

  Sedia-m'eu na ermida de Sam Simion
e cercarom-mi as ondas, que grandes som!
         Eu atendendo meu amig', eu a[tendendo].
  
Estando na ermida ant'o altar
5 [e] cercarom-mi as ondas grandes do mar.
       Eu atendendo meu amig', eu a[tendendo].
  
E cercarom-mi as ondas, que grandes som!
Nom hei [eu i] barqueiro nem remador.
       Eu atendendo meu amig', eu a[tendendo].
  

10 E cercarom-mi [as] ondas do alto mar;
nom hei [eu i] barqueiro nem sei remar.
       Eu atendendo meu amig', eu a[tendendo].
  
Nom hei [eu] i barqueiro nem remador
[e] morrerei fremosa no mar maior.
15        Eu atendendo meu amig', eu a[tendendo].
  
Nom hei [eu i] barqueiro nem sei remar
e morrerei fremosa no alto mar.
       Eu atendendo meu amig', eu a[tendendo].



Esta cantiga de amigo pertence à categoria das Barcarolas ou Marinhas e nela assistimos ao desespero da amiga que espera o seu amigo.
Esta espera acontece na ermida de San Simion, tendo a ria de Vigo como cenário de fundo que no texto é designada por mar.
A menina começa por dizer que se encontrava sentada na ermida, esperando o seu amigo, quando foi cercada pelas ondas do mar. O mar é classificado como um mar revolto - "ondas, ... que grandes som"; "ondas grandes do mar"; "do alto mar" e "mar maior" - identificando-se, deste modo, com o estado de espírito da amiga (proximidade entre a Natureza e o estado de espírito da amiga).
O mar é um elemento oponente sob duas formas: numa primeira, representa o obstáculo que se coloca entre a amiga e o seu amado e, numa segunda, representa o perigo para a menina que teme ser engolida pelas ondas.
Lamenta-se ainda esta menina que não tem barqueiro nem remador e que não sabe remar e que, por isso, irá morrer no mar. Poderemos interpretar estas alusões como uma metáfora do que verdadeiramente a atormenta: o facto de se ver privada do seu amigo e de não saber como há de viver sem ele - ou remar - no mar imenso que pode representar a própria vida.
Ainda alguns aspetos interessantes: o poema desenvolve-se com base numa gradação ou crescendo da intensidade dramático, sugerida pelas referências temporais que, por sua vez, correspondem a três momentos diferentes.
Se pensarmos que, em termos de sentido, as cantigas se desenvolvem em pares de dísticos, não é difícil concluirmos que as duas primeiras estrofes ou coblas se reportam ao passado - "Sedia-m'eu " e " cercarom-mi" - ,  as duas seguintes, ao presente "Nom hei" e "nem sei" -  e as duas últimas, ao futuro, "e morrerei fremosa".
Já o refrão, caracterizado pela predominância de sons nasais  - [m] e [en] - para além da presença da forma verbal no gerúndio [atendendo], remete para esse tempo de espera do amigo por parte da menina. Esta leitura vai ao encontro das características  antes apontadas uma vez que, quer os sons nasais quer o gerúndio, "aumentam" ou "prolongam" a passagem do tempo. Esta ideia é reforçada com o tempo verbal no futuro, "morrerei", pois prova que a menina não desistirá de esperar o seu amigo.
Formalmente, esta cantiga é uma paralelística perfeita pois possui um número par de estrofes, refrão, repetição do 2ºv, 1ªest. como 1ºv da 3ªest., repetição do 2ºv, 3ªest. como 1ºv da 5ªest. e repetição do 2ºv, 4ªest. como 1ºv da 6ªest.. De referir ainda o leixa-
-pren em 2ºv, 2ªest. com 1ºv da 3ªest.