Mote alheio
Verdes são os campos
da cor do limão:
assi são os olhos
do meu coração.
Voltas suas
Campo, que te estendes
com verdura bela;
ovelhas, que nela
vosso pasto tendes,
d’ervas vos mantendes
que traz o verão,
e eu das lembranças
do meu coração.
Gado que pasceis
co contentamento,
vosso mantimento
não o entendeis;
isso que comeis
não são ervas, não:
São graças dos olhos
do meu coração.
Luís de Camões
paceis – pastais
TEMÁTICA:
Os olhos verdes da mulher amada.
·
Expressão da “vassalagem amorosa”
·
Cenário bucólico – 1º, serve de
comparação com o estado de espírito saudoso do Poeta; 2º, identifica-se com a
própria beleza da amada ausente.
·
Provoca saudades e lembranças no sujeito
poético; (1º)
·
Provoca alegria e “contentamento” na
Natureza. (2º)
·
Confidentes do Poeta – Campo e Gado (Apóstrofe e Vocativo)
·
do meu coração. – é o mesmo que da minha amada.
·
1ª Volta – como o gado (ovelhas) se
alimenta dos prados, ele alimenta-se das memórias da sua amada.
·
2ª Volta – o mantimento do gado não são
ervas mas o verde dos olhos da amada.
·
As belezas da amada não são acidentes da
Natureza, atributos físicos com que a Natureza a beneficiasse; antes é a dama
que distribui pela Natureza essa mesma beleza… dir-se-ia que a Natureza é bela
na medida em que participa das belezas da senhora.
·
Estamos
em presença de uma cantiga - mote de 4 versos (quadra) e voltas de 8 versos
(oitavas).
·
Mote – rima cruzada e dois versos soltos
ou brancos: ABCB
·
Volta 1 – DEEDDBFB – rima interpolada,
emparelhada, cruzada e um verso solto ou branco.
·
tendes
/ mantendes – rima consoante ou perfeita.
·
Versos pentassílabos ou de redondilha
menor (5 sílabas).
·
… co contentamento, - personificação (atribuição de reações; sentimentos
próprios dos humanos).
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