terça-feira, 14 de novembro de 2017

PRIMEIRO MODERNISMO - Os "ismos" pessoanos


PRIMEIRO MODERNISMO

± 1913 - ± 1927


A.     Época de grandes perturbações políticas e sociais:


v  1890 “Ultimatum” inglês (os interesses de Portugal em África colidem com os ingleses);

v  1908 – O Magnicídio (o Regicídio);

v  1910 - Proclamação da República  ;

v  1915 – Ditadura de Pimenta de Castro;

v  1916/17 - Portugal entra na Primeira Guerra Mundial: a 14-05-1916, a Alemanha declara guerra a Portugal; um corpo expedicionário é enviado para a frente francesa;

v  1917 – Comandados por Lenine, os operários russos assumem o poder;

v  1918 – Assassinato de Sidónio Pais;

v  1926/28 – Fim da Primeira República;

v  25-03-1928 – Carmona é proclamado presidente; Salazar é ministro das Finanças;

v  1933 – Instauração do Estado Novo (que durou 41 anos) com o lema: “Tudo pela Nação, nada contra a Nação”.


B. Perante esta visão negativa da humanidade e do futuro, os artistas reagem agressivamente, com ceticismo total, com sarcasmo e provocação (como exemplo temos o «Manifesto Anti-Dantas» de Almada Negreiros), com o individualismo subconsciente, entregando-se às sensações, à desumanidade da máquina e da técnica, à vida da cidade.

Surge assim o Modernismo com a sua diversidade: Sensacionismo, Futurismo, Paulismo, Interseccionismo, Simultaneismo, Decadentismo, Vertigismo, Satanismo, etc.

MODERNISMO – Movimento estético que associa a literatura às artes plásticas, pelas quais é influenciado. Em Portugal, tem como principais divulgadores Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Mário de Sá-Carneiro. Implica uma nova conceção de literatura como linguagem; põe em causa a tradicional relação entre o autor e a obra, separando o eu autor do eu-poético; suscita uma exploração mais vasta dos poderes e limites do Homem num mundo em crise.


IMPRESSÕES DO CREPÚSCULO
Paúis
Paúis de roçarem ânsias pela minh' alma em ouro...
Dobre longínquo de Outros Sinos... Empalidece o louro
Trigo na cinza do poente... Corre um frio carnal por minh' alma...
Tão sempre a mesma, a Hora!... Balouçar de cimos de palma!
Silêncio que as folhas fitam em nós... Outono delgado
Oh que mudo grito de ânsia põe garras na Hora!
Que pasmo de mim anseia por outra coisa que o que chora!
Estendo as mãos para além, mas ao estendê-las já vejo
Que não é aquilo que quero aquilo que desejo...
Címbalos de Imperfeição... Ó tão antiguidade
A Hora expulsa de si-Tempo! Onda de recuo que invade
O meu abandonar-se a mim próprio até desfalecer,
E recordar tanto o Eu presente que me sinto esquecer!...
Fluido de auréola, transparente de Foi, oco de ter-se.
O Mistério sabe-me a eu ser outro... Luar sobre o não conter-se...
A sentinela é hirta - a lança que finca no chão
É mais alta do que ela... Para que é tudo isto.... Dia chão...
Trepadeiras de despropósitos lambendo de Hora os Aléns...
Horizontes fechando os olhos ao espaço em que são elos de ferro...
Fanfarras de ópios de silêncios futuros... Longes trens...
Portões vistos longe... através de árvores... tão de ferro!
Fernando Pessoa

(continua)

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