terça-feira, 14 de novembro de 2017

ANÁLISE DA CANTIGA "AI FLORES, AI FLORES DO VERDE PINO"







D. Dinis   (clicar aqui)

- Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
       Ai Deus, e u é?
  
Ai flores, ai flores do verde ramo,
5se sabedes novas do meu amado?
       Ai Deus, e u é?
  
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
       Ai Deus, e u é?
  
10Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
       Ai Deus, e u é?
  
- Vós me preguntades polo voss'amigo
e eu bem vos digo que é san'e vivo.
15       Ai Deus, e u é?
  
- Vós me preguntades polo voss'amado
e eu bem vos digo que é viv'e sano.
       Ai Deus, e u é?
  
- E eu bem vos digo que é san'e vivo
20e será vosco ant'o prazo saído.
       Ai Deus, e u é?
  
- E eu bem vos digo que é viv'e sano
e será vosc[o] ant'o prazo passado.
       Ai Deus, e u é?




Cantiga de amigo.
Temática - saudade do amigo que se demora; a amiga interpela as flores que a tranquilizam sobre o regresso do seu amigo.
A primeira parte do texto é constituída pelas quatro primeiras estrofes em que a voz feminina interpela as flores do verde pinheiro que lhe respondem na segunda parte, quatro últimas estrofes do poema. Estamos, por isso, em presença de um diálogo ou tenção, diálogo que representa a personificação da Natureza e que a transforma, simultaneamente, em confidente / amiga da rapariga. Face às perguntas que lhe são colocadas, em tom exaltado, pela rapariga, a Natureza tranquiliza-a relativamente às intenções do amigo que a menina acredita ter-lhe mentido, faltando à promessa que lhe fez. No entanto, a Natureza assegura-lhe que o amado estará com ela antes do fim do prazo estipulado.
Formalmente:
1 - dísticos monorrimos; refrão monóstico;
2 - rima AA / BB / A'A / B'B, emparelhada;
3 - paralelismo perfeito;
4 - leixa-prem;
5 - apóstrofe.



























Sem comentários:

Enviar um comentário

COMENTE, SUGIRA, PERGUNTE, OPINE...