segunda-feira, 6 de novembro de 2017

POESIA TROVADORESCA - CONSIDERAÇÕES GERAIS

Período compreendido entre os fins do séc. XII – 1434, ano em que Fernão Lopes foi nomeado cronista-mor do reino.
Quase todas as literaturas se iniciam por obras em verso uma vez que a mais corrente forma de comunicação é a oral. Por outro lado, o verso torna a fala rítmica e facilita a memorização.
“As origens desta forma de poesia são muito discutidas. Segundo uns, seria uma reminiscência da antiga poesia amorosa dos Romanos; segundo outros, procederia da refinada poesia dos Árabes da Península Hispânica; outros ainda creem que é fruto da evolução da poesia latina medieval.
(…) A lírica trovadoresca de origem provençal introduz-se na Península por duas vias: uma direta – a das relações político- culturais entre a Catalunha e uma parte da França - ; outra – o “caminho francês”-, que por Burgos, Leão e Astorga chegava a Santiago de Compostela, influenciando decisivamente na formação de uma importante lírica galaico-portuguesa.”
Guillermo Diaz Plaja,La Literatura Universal
ü  O que foi?
A primeira grande manifestação da L.P.
Uma poesia elaborada por trovadores e executada por jograis, acompanhada de música, canto e dança.
ü  Quem foram os agentes desta poesia?
- o trovador – compositor (quase sempre fidalgo) da poesia e da música.
- o jogral – executor (geralmente de baixa condição) que vivia do lucro desta arte de cantar ou tanger.
- a soldadeira ou jogralesa – cantadeira ou dançarina, a soldo, que acompanhava o jogral (era, muitas vezes, de moral duvidosa).
* segrel – cavaleiro-trovador que andava de corte em corte (era de baixa estirpe e fazia-se acompanhar de um jogral ou substituía-o).
* menestrel – era, no século XIII, um músico-poeta (por vezes confundia-se com o jogral, só que vivia sob a proteção de um nobre e andava de corte em corte).
ü  Que composições se incluem nesta designação?
1 – Cantigas de Amigo;
2 – Cantigas de Amor;
3 – Cantigas de Escárnio e de Maldizer.
ü  Que influências assimilou esta poesia?
1 e 3 são autóctones logo, essencialmente populares, pois obedecem, quanto ao tema e quanto ao ritmo e estrutura, à tradição lírica popular do Noroeste  da Península Ibérica, em que se inspiravam.
Sobretudo em 1, predomina a musicalidade, obtida através do refrão ou de paralelismo, processos que denunciam a transmissão oral. Designam-
-se deste modo por ser o nome que a recitadora dava ao seu amado. São ainda muito frequentes as alusões à paisagem e ao mar da Galiza.
O 2 constitui um género culto, importado, fortemente influenciadas pelos modelos trovadorescos provençais; são também as de menor originalidade e sentido genuíno.
As Cantigas de Amor galego-portuguesas, mais elaboradas, não têm refrão e são colocadas na boca do enamorado.
A antiguidade destas Cantigas (Noroeste da Península Ibérica) é comprovada pela presença de arcaísmos como
sano, avelana, manhana, irmana, louçana
mantendo, desta forma, o cunho popular e arcaizante da cantiga.
Outros termos como
fossado, ir na oste, ir a cas d’el-rei, morar com el-rei
revelam-nos as preocupações militares da sociedade daquele tempo enquanto denunciam a condição social do namorado: cavaleiro-vilão, lavrador e soldado.

Glossário da Arte Poética Trovadoresca
ATA-FINDA – ligação ideológica de uma estrofe à seguinte.
CANÇÃO REDONDA – o poema começa e acaba pelo mesmo verso.
CANTIGA DE MESTRIA - cantiga sem refrão (de origem provençal).
CANTIGA DE REFRÂO – cantiga que tem, no fim de cada copla, o mesmo estribilho.
DOBRE – repetição simétrica de uma palavra em dois ou mais lugares da estrofe, geralmente no 1º e último versos.
FINDA – estrofe de um a três versos que serve de remate a uma cantiga.
LEIXA-PREN – técnica de iniciar uma estrofe, repetindo o último verso da estrofe anterior.
MORDOBRE – repetição de formas diferentes da mesma palavra (diferentes tempos verbais, palavras da mesma família vocabular).
TENÇÃO – discussão poética sobre uma questão, apresentando, em diálogo, duas personagens que se contradizem.

OS CANCIONEIROS
“A poesia trovadoresca encontra-se compilada em quatro obras: três CANCIONEIROS e as Cantigas de Santa Maria de Afonso X.
·         Cancioneiro da Biblioteca Nacional ou Colocci-Brancuti
·         Cancioneiro da Vaticana
·         Cancioneiro da Ajuda
·         Cantigas de Santa Maria


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