Período compreendido entre os fins do
séc. XII – 1434, ano em que Fernão Lopes foi nomeado cronista-mor do reino.
Quase todas as literaturas se iniciam por obras em verso uma vez que a
mais corrente forma de comunicação é a oral. Por outro lado, o verso torna a
fala rítmica e facilita a memorização.
“As origens desta forma de poesia são muito discutidas. Segundo uns,
seria uma reminiscência da antiga poesia amorosa dos Romanos; segundo outros, procederia
da refinada poesia dos Árabes da Península Hispânica; outros ainda creem que é
fruto da evolução da poesia latina medieval.
(…) A lírica trovadoresca de origem provençal introduz-se na Península
por duas vias: uma direta – a das relações político- culturais entre a
Catalunha e uma parte da França - ; outra – o “caminho francês”-, que por
Burgos, Leão e Astorga chegava a Santiago de Compostela, influenciando
decisivamente na formação de uma importante lírica galaico-portuguesa.”
Guillermo Diaz Plaja,La Literatura
Universal
ü O que foi?
A primeira grande
manifestação da L.P.
Uma poesia elaborada por
trovadores e executada por jograis, acompanhada de música, canto e dança.
ü Quem foram os agentes desta poesia?
- o trovador – compositor (quase
sempre fidalgo) da poesia e da música.
- o jogral – executor (geralmente de
baixa condição) que vivia do lucro desta arte de cantar ou tanger.
- a soldadeira ou jogralesa –
cantadeira ou dançarina, a soldo, que acompanhava o jogral (era, muitas vezes,
de moral duvidosa).
* segrel – cavaleiro-trovador que andava de
corte em corte (era de baixa estirpe e fazia-se acompanhar de um jogral ou
substituía-o).
* menestrel – era, no século XIII, um
músico-poeta (por vezes confundia-se com o jogral, só que vivia sob a proteção
de um nobre e andava de corte em corte).
ü Que composições se incluem nesta designação?
1 – Cantigas de Amigo;
2 – Cantigas de Amor;
3 – Cantigas de Escárnio e de Maldizer.
ü Que influências assimilou esta poesia?
1 e 3 são
autóctones logo, essencialmente populares, pois obedecem, quanto ao tema e
quanto ao ritmo e estrutura, à tradição lírica popular do Noroeste da Península Ibérica, em que se inspiravam.
Sobretudo em 1, predomina a musicalidade, obtida através do refrão ou de paralelismo,
processos que denunciam a transmissão oral. Designam-
-se deste modo por ser o nome que a
recitadora dava ao seu amado. São ainda muito frequentes as alusões à paisagem
e ao mar da Galiza.
O 2 constitui um género culto, importado, fortemente influenciadas
pelos modelos trovadorescos provençais; são também as de menor originalidade e
sentido genuíno.
As Cantigas de Amor
galego-portuguesas, mais elaboradas, não têm refrão e são colocadas na boca do
enamorado.
A antiguidade destas Cantigas
(Noroeste da Península Ibérica) é comprovada pela presença de arcaísmos como
sano, avelana, manhana, irmana, louçana
mantendo, desta forma, o cunho
popular e arcaizante da cantiga.
Outros termos como
fossado, ir na oste, ir a cas d’el-rei, morar com el-rei
revelam-nos as preocupações militares
da sociedade daquele tempo enquanto denunciam a condição social do namorado:
cavaleiro-vilão, lavrador e soldado.
Glossário
da Arte Poética Trovadoresca
ATA-FINDA – ligação ideológica de uma
estrofe à seguinte.
CANÇÃO REDONDA – o poema começa e acaba
pelo mesmo verso.
CANTIGA DE MESTRIA - cantiga sem refrão
(de origem provençal).
CANTIGA DE REFRÂO – cantiga que tem, no
fim de cada copla, o mesmo estribilho.
DOBRE – repetição simétrica de uma
palavra em dois ou mais lugares da estrofe, geralmente no 1º e último versos.
FINDA – estrofe de um a três versos que
serve de remate a uma cantiga.
LEIXA-PREN – técnica de iniciar uma
estrofe, repetindo o último verso da estrofe anterior.
MORDOBRE – repetição de formas
diferentes da mesma palavra (diferentes tempos verbais, palavras da mesma
família vocabular).
TENÇÃO – discussão poética sobre uma
questão, apresentando, em diálogo, duas personagens que se contradizem.
OS CANCIONEIROS
“A poesia trovadoresca encontra-se
compilada em quatro obras: três CANCIONEIROS e as Cantigas de Santa Maria de Afonso X.
·
Cancioneiro da Biblioteca Nacional ou
Colocci-Brancuti
·
Cancioneiro da Vaticana
·
Cancioneiro da Ajuda
·
Cantigas de Santa Maria
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