TÍTULO E SUBTÍTULO
Aparentemente, conta-se a história de uma família através de três gerações mas, o segundo título, indica uma segunda intenção, a de descrever certo estilo de vida – o romântico – através de episódios, mas admite duas hipóteses: que tais episódios pertençam à história d’ Os Maias ou que decorram à margem, num pano de fundo.
O título justifica-se porque o herói / anti-herói aparece integrado numa família, explicado por antecedentes familiares e cuja tragédia implica a morte do avô. Este é o fator de unidade pois é através dele que se evoca o passado.
Justifica-se o subtítulo visto que o romance nos oferece múltiplos casos, cenas, atitudes, considerados típicos de um Romantismo que continua vivo em 1875-76.
Existe um elemento de coesão que reside no facto de, tanto Os Maias (Carlos em particular) como esses episódios e os figurantes da comédia lisboeta, representarem uma personagem encoberta: Portugal, a grande personagem latente na obra de Eça, sua maior preocupação.
ESTRUTURA DE OS MAIAS
- 14 meses (Outono 1875 a
fins de 1876
- 14 meses de ação
(Carlos e Mª Eduarda)
Noções
complementares
- ocupam mais de 590 pp..
- antecedentes familiares
(1820 a 1875) ocupam 85 pp..*
- epílogo, 10 anos
depois, em 1887, ocupa 27 pp. (quase
todo o Cap. XVIII).
todo o Cap. XVIII).
*A analepse termina na p.
95. Tudo quanto fica nas 85 pp.
anteriores é uma simples preparação constituída pela
história em flash back da família.
anteriores é uma simples preparação constituída pela
história em flash back da família.
ESPAÇO(S)
– Físico
– Físico
O
Ramalhete – surge na obra por três vezes, correspondendo cada
uma delas a uma descrição e a um período de mudança na ação. O Ramalhete
constitui um marco de referência na vida da família Maia e o seu apogeu e/ou
degradação acompanham o percurso da referida família.
A maior parte da
narrativa situa-se em Portugal – Lisboa, Sintra e Olivais, arredores de Lisboa
– e a sua
ligação com os acontecimentos que ocorrem a alguns dos elementos da família Maia, é bastante importante. Vejamos como:
ligação com os acontecimentos que ocorrem a alguns dos elementos da família Maia, é bastante importante. Vejamos como:
- é em Lisboa que se dão
os acontecimentos que levam Afonso ao exílio (p. 14);
- é em Lisboa que decorre
a vida de Pedro e ocorrem os marcos principais da sua existência: casamento,
abandono e suicídio.
§ conhece Maria Monforte
(p. 23);
§ casamento (p. 30);
§ suicídio (p. 52).
- é em Lisboa que decorre
parte da vida de Carlos o que facilita o encontro com Eduarda.
** o estrangeiro é um recurso para resolver
situações complicadas:
§ Afonso refugia-se em Inglaterra para fugir à
intolerância
miguelista. (pp. 14-15)
miguelista. (pp. 14-15)
§ Pedro e Maria vivem em Itália (p. 30, depois
do
casamento).
casamento).
§ -----------------------Paris (p.32, capricho
de Maria – relação com cultura feminina).
§ Maria Eduarda vai para Paris quando se
descobre o incesto (p.685).
§ Carlos viaja, depois de ter sido descoberto o
incesto (p. 688).
Fixa-se em Paris para resolver a sua vida, depois de uma breve passagem por Santa O. (p. 689).
Fixa-se em Paris para resolver a sua vida, depois de uma breve passagem por Santa O. (p. 689).
** em Portugal, a ação sai de Lisboa por três
vezes:
- quando Pedro e Maria
pretendem mostrar Mª Eduarda a Afonso, este viaja para Santa Olávia (p.34);
- Afonso vai para Santa
Olávia a seguir ao suicídio de Pedro (p. 52);
- saída para Celas,
devido à formatura de Carlos (imposta por exigências extrínsecas), (p.95);
- Carlos parte para Santa
Olávia depois de conhecer a relação incestuosa (p. 687).
** Santa Olávia é escolhida pelos intervenientes
como estância de efeitos terapêuticos.
Toda a ação e as diversas ações decorrem em ambiente e com personagens identificáveis com a alta burguesia, com a elite portuguesa. Estes sociais não precisam de trabalhar para viver e vivem sem dificuldades.
À exceção do Capítulo III, onde sobressai a elite rural, todo o resto do romance é dominado pela presença da elite citadina lisboeta, assistindo o leitor ao desfilar de vários mundos da capital e dos elementos que os representam.
De referir que não aparece no romance qualquer referência consistente a problemas de ordem social.
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