domingo, 14 de maio de 2017

O TEMPO EM "FREI LUÍS DE SOUSA (tempo simbólico)



O TEMPO SIMBÓLICO

De referir o valor simbólico que a 6ª feira assume na obra: o primeiro e segundo atos ocorrem a uma sexta-feira uma vez que os separam oito dias, a 4 de Agosto, o Ato I e o segundo, na fala de Maria, Cena I,  “Há oito dias que aqui estamos nesta casa”.
Este dia está conotado com a tragédia o que nos remete igualmente para a crença popular na desdita da sexta-feira 13. É, pois, compreensível que os principais acontecimentos desta obra aconteçam a uma sexta-feira e, naturalmente, conotados com a ideia de tragédia:
1 – dia do primeiro casamento de D. Madalena.
2 – D. Madalena vê Manuel de Sousa pela primeira vez, apaixonando-se imediatamente por ele, apesar de ser casada com D. João de Portugal.
3 – batalha de Alcácer Quibir (4 de Agosto de 1578), desaparecimento de D. João de Portugal e de D. Sebastião.
4 – D. Manuel de Sousa Coutinho incendeia a sua casa, motivando a mudança da família para o palácio de D. João.
5 – regresso de D. João, na figura do Romeiro.

Igualmente importante é a simbologia trágica atribuída ao número e aos seus múltiplos:
1 – D. Madalena procura saber notícias do seu primeiro marido durante sete anos, após os quais casa com D. Manuel de Sousa Coutinho.
2 – o casamento de D. Madalena e de D. Manuel de Sousa durava havia catorze anos (duas vezes sete).
3 – D. João regressa a casa vinte e um anos após a batalha de Alcácer Quibir (três vezes sete).
O número sete corresponde ao número de dias que perfaz uma semana, conclusão de um ciclo que, no caso da obra, corresponde ao final da vida do casal e, consequentemente, a uma situação trágica.

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