quinta-feira, 11 de maio de 2017

"OS MAIAS" - ESTILO QUEIROSIANO


















- Estética naturalista de Zola
- Prosa realista de Balzac e Flaubert :   



  Influenciaram Eça de Queirós

  1. Impressões captadas;
  2. Importância da cor, luz, objetividade e construções impessoais.

A sua prosa procura adaptar-se ao ambiente social e à situação, tentando vitalizá-la através de uma linguagem expressiva e sugestiva de novos sentidos.
           Linguagem:

. pitoresco - estrangeirismos - vernaculidade

- para denunciar a pretensa cultura burguesa das personagens         
- influência pessoal dos hábitos, costumes e modos de viver que foram os seus em Inglaterra e em França.
    Estilo Indireto Livre – um dos meios favoritos de Eça para dar vida às suas personagens, colocando-as a falar ou a pensar, sem recorrer ao diálogo ou ao monólogo. Para evitar a monotonia, recorre à alternância entre o Discurso Direto e o Discurso Indireto Livre.

    Oralidade – que não só torna o estilo mais coloquial como cria uma certa familiaridade com o recetor / leitor.

    A nível sintático  

    • frase flexível – recorrendo a uma organização nova e expressiva dos vocábulos.
    • frases curtas – e a vírgula surge como elemento importante para a obtenção do ritmo e para a expressividade de certos grupos lógicos.
    • orações – com verbos dinâmicos, utilizando-os para introduzir o diálogo.
         A nível do estilo

  • ironia – através da utilização de certos adjetivos insólitos ou repetidos em ordem inversa.
  • verbos – de grande valor expressivo como “uivar” ou “rosnar”.
  • neologismos – de diferentes categorias gramaticais.
  • diminutivos – advérbio de modo – adjetivação expressiva dupla ou múltipla, sinestesias, hipálage,  aliteração*, traduzindo sentimentos e sensações.
    aliteração* - “(…) Um rude trovão rolou, atroou,  a noite negra.”











ADJETIVO


    • uso constante da hipálage (transferência de sentido do adjetivo para um substantivo quando, na realidade, se deveria atribuir a outro), servindo-se de vários processos, como o de juntar adjetivos de índole psicológico a substantivos físicos e inanimados;

        • Ex: “as tias, fazendo as suas meias sonolentas”
  • uso do adjetivo com função de advérbio de modo;
        • Ex: “e puxou-lhe uma fumaça furiosa”
  • emprega quase sempre adjetivação dupla, algumas vezes tripla;

    • “Movia o leque com um ar dolente e vago”
      • a adjetivação dupla é utilizada por Eça para caracterizar objetos, exprimindo duas faces da realidade: objetiva / subjetiva – o que são e a impressão que causam no nosso espírito.

      • ADVÉRBIO DE MODO



      • - MENTE     (é utilizado de vários modos e significados)
        1 – no princípio, no meio ou no fim da frase;

  • Ex:  “Afonso apoiava-o gravemente”
                        2 – com ironia;
  • Ex:  “… a radiosa criatura estava caninamente enamorada”
                        3 – na função de superlativação do adjetivo;
  • Ex:  “… Cambray arrisca uma palavra atrevidamente tímida”.
    • caráter novo e mais expressivo “cabelos magnificamente negros”;
    • o advérbio surge aos pares, sendo que o segundo apoia e intensifica o primeiro “sorri regeladamente, lividamente…”. Surgem no interior da frase, separados por vírgulas; pode surgir também a série tripla.
      O DIMINUTIVO

      Os diminutivos podem assumir três significados na Língua Portuguesa:

    • pequenez;   Ex:  “Apesar de antigo, o meu carrito ainda rola bem”;
    • carinho ou ternura;   Ex: “Está-se fazendo tarde, Carlinhos.”;
    • ironia, depreciação:   Ex: “Eusebiozinho”; “as perninhas flácidas”.
      NEOLOGISMOS
      - gouvarinhar;
      - escrevinhador;
      - adulteriozinho;
      - excessozinho.

      CARACTERÍSTICAS DO DISCURSO INDIRETO LIVRE

      No plano formal:

  • absoluta liberdade sintática do escritor;
  • do discurso direto encontramos a expressividade coloquial através das interrogações e das exclamações, das reticências e expressões de apoio;
  • do discurso indireto encontramos o uso da 3ª pessoa, o pretérito imperfeito, o pretérito mais-que-perfeito, o presente do condicional e ainda os pronomes, determinantes e advérbios que exprimem afastamento (esse, amanhã, etc…)
              No plano expressivo:

  • o narrador aproxima-se da personagem, parece fundir-se com ela;
  • o narrador evita as repetições dos “que(s)” e o emprego do verbo declarativo que substitui, muitas vezes, pelos dois pontos;
  • a narrativa resulta mais fluente, com maior ritmo e artisticamente melhor elaborada;
  • contribui para a expressividade dos monólogos interiores;
  • o seu uso deve ser analisado num determinado contexto;
  • a expressividade é maior se aparece articulada com os discursos direto e indireto.

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