Segundo o poeta, cada um
de nós deve viver a sua própria vida, isolando-se dos outros e procurando
apenas na sobriedade individualista o que lhe agrada.
Não se devem procurar os
prazeres violentos mas optar pela busca mínima da dor e pela procura, sobretudo,
da calma, da tranquilidade, do esforço e da atividade úteis.
No entanto, alcançar a
felicidade e a calma deve ser encarado como uma ilusão.
A felicidade está na
liberdade e não nos podemos esquecer que esta está vedada aos próprios deuses
sobre quem pesa o Fado. Também a calma deve ser uma opção nossa mas não nos
será possível alcançá-la uma vez que vivemos à espera da morte. A consciência
disto provoca em nós um sentimento de angústia.
A obra de Ricardo Reis é
o esforço lúcido e disciplinado para obter uma qualquer forma de calma. Esta
ideia assenta numa crença verdadeira nos deuses da Grécia antiga, admitindo
Cristo como um deus a mais. Esta mesma ideia está de acordo com o Paganismo e
é, em parte, inspirada em Caeiro para quem o Menino Jesus era “o deus que
faltava”.
Outras características:
Temáticas:
o culto do
Belo como forma de superar a transitoriedade da vida e dos bens terrenos;
as ameaças do
Fatum, da Velhice e da Morte;
tal como para
Caeiro, a felicidade só é possível no sossego do campo;
o vinho, o
sorriso e as flores como formas de iludir o sofrimento resultante da consciência
da brevidade da vida;
o autodomínio
e a contenção dos sentimentos;
a quase
ausência de erotismo, de amor autêntico;
Estilísticas:
a frequência
da inversão: anástrofe e hipérbato;
a frequência
da elipse e da perífrase;
preferência
pela ode (influência de Horácio) e recorrência ao verso decassilábico
alternando ou não com o hexassílabo;
frequência do
gerúndio;
frequência do
imperativo (de acordo com o carácter moralista das odes);
verso branco
ou solto com recorrência à assonância, à aliteração e à rima interior.
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