domingo, 21 de junho de 2015

Ricardo Reis - agora, a sério.




RICARDO REIS

      

DADOS BIOGRÁFICOS

·      Nasceu no Porto, em 19 de Setembro de 1897. Foi educado num colégio (latinista por educação alheia e semi-helenista por educação própria).
·      Formou-se em Medicina.
·      Por ser monárquico partiu para o Brasil em 1919.
·      Era moreno, mais baixo e mais forte que Caeiro.
Elementos retirados da carta sobre a génese dos heterónimos
de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro (1935)

      

CARACTERÍSTICAS SEMÂNTICAS E IDEOLÓGICAS

·      Intelectualização das emoções – o poeta racionaliza as emoções e recusa o seu valor, face à realidade que descobre, através do pensamento.
·      Constatação da inutilidade da ação.
·      Consciência de um Destino superior do Homem, o que o leva a encará-lo como um ser manipulado pelos deuses mas de forma digna e ativa.
·      Discípulo de Caeiro, aconselha, como o Mestre, a aceitação calma da ordem das coisas e faz o elogio da vida campestre, indiferente ao social.
·      Epicurismo e estoicismo – o ser humano nunca poderá ser feliz; deve evitar os prazeres fortes e aceitar a dor como algo que, inevitavelmente, teremos de sentir; a tranquilidade é o nosso único quinhão de felicidade e de liberdade.
·      Recusa de inserção do indivíduo na sociedade, pela negação da praxis, ou seja, pela crença na inutilidade da ação.
·      Estoicismo – aceitação passiva de tudo – a vida humana deve ser encarda como a vida dos outros seres que existem no universo (há dias de sol e dias de chuva – esta é a verdade suprema e só a sua aceitação conduzirá à tranquilidade – o Homem não deverá integrar-se numa determinada sociedade, mas no todo cosmogónico).

CARACTERÍSTICAS FORMAIS

·      Didatismo (parece estar a ensinar uma lição de vida).
·      Tom coloquial (destinatário implícito ao discurso – o poeta dirige-se a um “tu”).
·      Substantivos como atributos (os substantivos adquirem o valor de adjetivos).
·      Latinismos.
·      Recursos a apócopes.
·      Hipérbatos (alteração violenta da ordem normal dos sintagmas).
·      Repetição de sons.
·      Predominância de sons nasais e fechados.
·      Rima no interior dos versos.
Nota: estas características formais revelam influência da poesia horaciana.

ESTOICISMO

Escola filosófica helenística fundada por Zenão, na primeira parte do século III a. C. (Zenão era fenício, natural de Citium, em Chipre; viveu em Atenas).
O estoicismo desenvolveu-se até Marco Aurélio, imperador romano, que se dedicou à virtude estóica (161 d. C.).
Ideias fulcrais:
·      Crença na conclusão de um ciclo (através do fogo), que seria substituído por outro (a repetição cíclica era indefinida);
·      Deus é a alma do mundo e cada um de nós contém parte do fogo divino;
·      A vida individual deve estar de acordo com as leis da Natureza (a virtude significa viver de acordo com as leis cósmicas);
·      Devemos desprezar as paixões porque conduzem ao sofrimento.

EPICURISMO

Filosofia fundada por Epicuro em 311 a. C. (Epicuro nasceu em 342-1 a. C., em Ática).
Ideias fulcrais:
·      Filosofia que se destinava a dar tranquilidade às pessoas;
·      Defesa do prazer como um bem, mas um prazer moderado; virtude significa prudência na busca do prazer;
·      Devem procurar-se os prazeres tranquilos e não as alegrias violentas;
·      Abolição da riqueza e da honra porque roubam o descanso a quem poderia estar feliz;
·      Recusa do amor porque implica sofrimento – a amizade é o melhor prazer social;
·      Crença de que os deuses não interferem nas coisas humanas e de que a alma morre com o corpo.

PLATONISMO

(Ver conceitos sobre Camões)

     Platão acreditava, ao elaborar a teoria da Reminiscência, que as almas teriam tido um contacto com a realidade essencial, num primeiro estádio da sua existência. Todos os homens deveriam, então, tentar captar o real, para além daquilo que os seus sentidos permitem, de modo a alcançar a essencialidade do objeto sensível. Para se alcançar a Essência, devemos tentar atingir a beleza espiritual; é esse o caminho para, simultaneamente, nos aproximarmos da ideia de Bem. Este associa-se à espiritualidade pura e origina a própria beleza.
     Platonismo pode ainda ligar-se a uma determinada conceção do amor – se o mundo sensível é o espelho do mundo inteligível, o mundo da verdadeira Perfeição, a beleza de uma mulher deverá, então, funcionar como uma consciencialização da vontade de ascender a uma beleza superior, uma vez que lhe conferimos o seu carácter de manifestação divina. O amor não é, pois, o amor à mulher material mas à ideia da perfeição que essa mulher representa. Trata-se de um amor ideal, purificado, que se situa acima da materialidade das coisas e da própria mulher amada, que é elevada ao grau máximo de virtude e funciona como o símbolo da Perfeição na Terra.



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