quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

D. SEBASTIÃO - BREVE ANÁLISE


D. Sebastião

Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

in Mensagem de Fernando Pessoa



Neste texto, Pessoa faz um elogio à loucura, exortando a que outros deem continuidade ao seu sonho (valorização do sonho). Caracteriza-se como um louco.

No 5º verso distingue mais uma vez o ser histórico, como sendo o “ser que houve”, o que perece, desaparece e o ser mítico como “o que há”. Este último sobrevive porque é imortal, é a ideia – símbolo – o sonho que fecunda o real. Na base da loucura encontra-se o desejo de grandeza que o sujeito poético assume com orgulho – por isso, o herói encontra a morte.

De salientar a interrogação retórica dos 3 últimos versos do poema em que o poeta faz referência à loucura enquanto energia criativa que poderá ser utilizada para a reconstrução nacional. Sem o sonho (loucura) o homem não se distinguirá do animal. É através do sonho que o homem é capaz de seguir em frente, sem temer a morte.




Sem comentários:

Enviar um comentário

COMENTE, SUGIRA, PERGUNTE, OPINE...