domingo, 24 de maio de 2015

JÁ BOCAGE NÃO SOU!... À COVA ESCURA - BOCAGE, ANÁLISE DE TEXTOS

Já Bocage não sou!... À cova escura

Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento;
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio de razão seguisse pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria.

Outro Aretino fui... A santidade
Manchei - ... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!

 estro - inspiração poética; 
Arentino - poeta satírico italiano, de vida boémia.


1º momento - soneto que remete para uma vida plena de vivências e em que o sujeito poético estrutura as suas ideias apontando para um passado caracterizado por um conjunto de erros cometidos e em que faz um apelo ao futuro.

2º momento - confissão do arrependimento que leva o s.p. a dirigir-se à mocidade para que rasgue os seus versos e acredite na eternidade e uma vez que não se considera um modelo para ninguém.



Recursos estilísticos:

** À cova escura / Meu estro vai parar desfeito em vento... - anástrofe;
** Eu aos Céus ultrajei! - metonímia;
** Conheço agora já quão vã figura / Em prosa e verso fez meu louco intento; - anástrofe;
** Se me creste, gente ímpia, / Rasga meus versos, crê na eternidade!   ///   Musa!...- apóstrofe;
** Que atrás do som fantástico corria. - metáfora.


Elementos clássicos:

#  a forma - soneto;
#  a presença da mitologia - Musa!...;
#  a presença de vocabulário alatinado (estro, fantástico);
#  a alusão à Razão.

Elementos românticos:

#  o tom confessional do poema;
#  o tema do arrependimento;
#  a alusão à morte;
#  o tom declamatório;
#  a pontuação expressiva associada à função emotiva.



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