CANTIGAS
DE AMOR (cont.)
São,
como já sabemos, cantigas importadas de França, ao gosto provençal (Provença).
O sujeito de enunciação é o trovador apaixonado que consagra à sua “senhor” um
amor platónico, sem esperança, um amor-adoração e que expressa nestas
composições os seus sentimentos, os sentimentos amorosos pela dama cortejada,
falando em seu nome. Por norma, o amor expresso nas cantigas de amor, é um amor
infeliz, não compartilhado.
Em
relação às cantigas provençais, a “coita” dos trovadores portugueses é mais
autêntica, mais sentida…
Embora
se tenham inspirado no lirismo provençal, as cantigas de amor da Península
possuem características bem diferentes. As nossas são mais espontâneas, mais
sentidas, mais autênticas, têm muito a ver com a nossa alma romântica, saudosa,
um pouco até masoquista, em que se sente um prazer mórbido em sofrer, um gosto
em estar triste. Como confirma Rodrigues Lapa: “A nossa imitação foi sobretudo
uma apropriação de formas.”
Características
e Estética das Cantigas de Amor
-
A idolatração da mulher amada, em que o trovador se mostra submisso perante
ela;
-
O sujeito enunciador sente que não é senhor do seu coração; ela enganou-o,
fê-lo apaixonar-se por ela;
-
Os olhos da dama surgem nestas cantigas como uma das causas da paixão;
-
O amor espiritual pode conduzir a um aperfeiçoamento através do desejo do
objeto amado. A mulher é a ponte para o infinito, realiza-se nela e por ela
esquecendo-se de si próprio, para pensar só no “ben”;
-
Os trovadores valorizavam mais as qualidades morais da mulher;
-
Por vezes, o poeta sofre muito. Não é fácil atingir a perfeição absoluta; chega
mesmo a sentir ânsia de se vingar daquela que o tortura mas tudo não passa de
um desejo;
-
Deus está sempre presente nestas composições, quase como um confidente: com ele
desabafa e pede-lhe conselhos.
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