De
Camões, em pura verdade, muito pouco sabemos. Nasceu pobre, viveu pobre, morreu
mais pobre ainda (se não miseravelmente), ele, que acumulou bens que milhares e
milhares de homens não têm chegado para delapidar. (...)
Fora do nosso coração, não sabemos
onde Camões nasceu; nem o ano ou o dia em que saiu da «materna sepultura» para
o primeiro amanhecer. Como não sabemos onde estudou ou quem lhe ensinou o muito
que sabia. Nem isso importa. Nalgumas linhas da sua poesia, e sobretudo nas
poucas cartas que indubitavelmente são dele, pode ler-se que, como português,
encarnou até à medula toda a nossa condição: pobreza, vagabundagem, cadeia,
desterro.
Eugénio de Andrade
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