Do primeiro para o segundo ato dá-se uma
alteração de espaço concretamente, do palácio de Manuel de Sousa Coutinho para
o de D. João de Portugal. A distingui-los, o aspecto luxuoso e confortável do
primeiro e a sobriedade e a frieza do segundo, marcadas ainda pela tradição
familiar.
Com a mudança de espaço dá-se, assim,
uma natural mudança de cenário, tendência que se manterá na passagem do segundo
para o terceiro ato e embora o espaço físico seja o mesmo, a casa de D. João de
Portugal, o cenário sofrerá alterações
A esta alteração de cenário não é
estranha a evolução do conflito vivido pelas personagens uma vez que estas se
encontram cada vez mais próximas da catástrofe final.
Deste modo, o espaço caracteriza-se à
medida do próprio desenrolar dos acontecimentos, reflectindo-o, tornando-se
mais austero e severo – e bem ao gosto romântico – como que numa descida ao
centro da terra ou aos infernos, representada pelo desfecho trágico que
atingirá a família de Manuel de Sousa Coutinho e que terá o seu clímax na
capela da Senhora da Piedade e no altar-mor da igreja de S. Paulo.
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Terá sido respeitada a unidade de
espaço em FLS?
A resposta será Não se considerarmos que, para que ela
exista, deve manter-se o cenário.
Se, no entanto, considerarmos a
opinião de vários autores que defendem que a união de espaço depende da sua
localização num mesmo país ou numa mesma vila, então podemos concluir que
Garrett respeitou a unidade de espaço uma vez que as
personagens em cena permanecem na vila de Almada ao longo dos três atos.
Como já foi aqui referido,
o espaço está diretamente relacionado com os acontecimentos, o que quer dizer
igualmente com o destino das personagens, com a sua progressão ao longo do
texto.
Assim, o palácio de Manuel de Sousa
Coutinho com as suas salas amplas, sem limites para o exterior e permitindo a
circulação das personagens de forma livre e determinada pela sua própria
vontade, simboliza a vida harmoniosa em família, de felicidade, mesmo.
Já a ação do segundo ato desenrola-se
no palácio de D. João de Portugal que agora pertence a D. Madalena.
Já anteriormente se referiu o aspeto
sóbrio, se não mesmo sombrio, deste espaço. A comprová-lo a quase inexistência
de janelas e portas que, no presente ato, aprisionam mais as personagens do que
as libertam.
Por sua vez, o ato terceiro
desenrola-se na parte baixa do palácio de João de Portugal e que
possui ligação direta para a capela. Os objetos decorativos, tocheiras, cruzes e outros de
caracter religioso são predominantes.
Ao contrário da ação do ato segundo
que decorre de tarde, a ação do terceiro ato desenrola-se durante a noite.
Conclusão:
Qual
é o tratamento dado ao espaço no “Frei Luís de Sousa”?
Progressão
em termos negativos. Há um afunilamento quer a nível de luz, decoração ou
amplitude. Ou seja, vai evoluindo no sentido da ação: vão surgindo
acontecimentos que afetam a vida normal familiar e que culmina com a morte de
Maria. A ação caminha no sentido da destruição, a par do tratamento que vai
sendo dado ao espaço.
in net
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