domingo, 26 de julho de 2015

QUINTA DA REGALEIRA [2]



Paganismo


O Patamar dos Deuses é a alameda de estátuas da mitologia clássica e que se situa junto ao muro da estrada que vem do centro da Vila de Sintra (ver imagem Portal de Entrada)


    
                                                                         Portal dos Deuses


São nove as estátuas alinhadas que encontramos à medida que nos aproximamos do Palácio e pela seguinte ordem: Fortuna, Orfeu, Vénus, Flora, Ceres, Pã, Dionísio, Vulcano e Hermes. 

  
Casa Egípcia
                                                                 Casa Egípcia 


Junto ao lago inferior da Quinta encontramos uma Casa Egípcia com a Fonte dos Íbis 



Quinta da Regaleira

                                                                            Fonte dos Íbis*


*Íbis - Fernando Pessoa fundou uma tipografia com este nome porquanto era um dos seus animais preferidos.
Recorde-se:


Fernando Pessoa

O Íbis, ave do Egipto,


O Íbis, ave do Egipto,
Pousa sempre sobre um pé
        (O que é
        Esquisito).
É uma ave sossegada
Porque assim não anda nada.

Uma cegonha parece
Porque é uma cegonha.
        Sonha
        E esquece —
Propriedade notável
De toda ave aviável.

Quando vejo esta Lisboa,
Digo sempre, Ah quem me dera
        (E essa era
        Boa)
Ser um íbis esquisito,
Ou pelo menos estar no Egipto.


De salientar o facto que Fernando Pessoa era amigo do filho de António Augusto Monteiro, Pedro Carvalho Monteiro, o homem que sonhou e realizou a Quinta da Regaleira.

Íbis, tal como Lótus, são aves que simbolizavam o deus Thot egípcio, equivalentes do Hermes grego e do Mercúrio romano, respetivamente, sendo todos eles mensageiros dos deuses e iniciadores dos Homens nos Mistérios, na escrita e nas técnicas.


 
                                                                        Gruta de Leda

Localizada na encosta, esta Gruta é hexagonal com a escultura central representando Zeus, e o céu, na figura do cisne e Leda por quem está apaixonado, uma mulher aqui simbolizando a terra. Já a forma hexagonal ou a estrela de seis pontas simboliza a união entre o céu e a terra. Leda apresenta, por sua vez, uma pomba numa das mãos, a pomba de Vénus, símbolo desses amores de Zeus por Leda.No entanto, a presença da pomba pode ser ainda ligada ao mistério da conceção imaculada de Maria por "Obra e Graça do Espírito Santo" cujo símbolo é a pomba branca... estaremos, então, perante um sinal de uma cristianização do mito pagão referido anteriormente?

Ainda no universo pagão da Gruta de Leda encontramos a Fonte das Quimeras, em três níveis e simbologia animal.




Em baixo à direita, na imagem acima, o Banco 515 construído em mármore de lioz, numa alusão à Divina Comédia de  Dante e à profecia de sua Beatriz - ao centro do Banco - que afirmava que viria um mensageiro de Deus, o 515, para combater o mensageiro do inferno, o 666. Nesta imagem, Beatriz segura um facho nas mãos e, na parte frontal, contem-se cinco pontas com as sextas de lado. Esta estrutura simétrica - 5-1-5 - aparece, segundo José Anes, na Regaleira, por três vezes em que o "1", neste caso, é a jovem Beatriz e os 5 os galgos laterais.
O algarismo 5 surge, aliás, associado por várias vezes e diferentes situações, à Quinta da Regaleira assim como a indicação trinitária ou 3... ou não fosse 15 o resultado de 3 vezes cinco, e o V Império o Império Espiritual indicado por Pessoa...
Adiante.



http://desdetempobarroco.blogspot.pt/2012/04/quinta-da-regaleira-um-mundo-fantastico.html



No Terraço dos Mundos Celestes situa-se a entrada monumental dos mundos subterrâneos, guardada por dois crocodilos que, na mitologia egípcia, eram os guardiões dos infernos. Esta entrada é realmente uma entrada pois não faria sentido que as figuras estivessem a guardar a saída... assim o exigem a mitologia e a literatura antigas. (ver nota 27, p. 36) 

** Não podemos ainda esquecer-nos que o percurso iniciático subentende a passagem de vários níveis para que o Homem que o inicie renasça, saia para o exterior, alguém novo e purificado. E fazer este percurso, descer ao centro da terra, ao fundo, é igualmente descer ao mais profundo de si, reencontrar-se e renascer.
















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