D. Sebastião
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
in Mensagem de Fernando Pessoa
Neste texto, Pessoa faz um elogio à loucura, exortando a que
outros deem continuidade ao seu sonho (valorização do sonho). Caracteriza-se
como um louco.
No 5º verso
distingue mais uma vez o ser histórico,
como sendo o “ser que houve”, o que perece, desaparece e o ser mítico como “o que há”. Este último sobrevive porque é imortal,
é a ideia – símbolo – o sonho que fecunda o real. Na base da loucura
encontra-se o desejo de grandeza que o sujeito poético assume com orgulho – por
isso, o herói encontra a morte.
De salientar
a interrogação retórica dos 3 últimos versos do poema em que o poeta faz
referência à loucura enquanto energia criativa que poderá ser utilizada para a
reconstrução nacional. Sem o sonho (loucura) o homem não se distinguirá do
animal. É através do sonho que o homem é capaz de seguir em frente, sem temer a
morte.
Sem comentários:
Enviar um comentário
COMENTE, SUGIRA, PERGUNTE, OPINE...